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Amar é amar; com amarras tem outro nome

Maristela Vallim

O termo “dependência afetiva”, sugere uma relação onde um dos pares apresente-se como dependente do outro afetivamente. Trocando em miúdos: é quando uma pessoa, em condições normais de saúde mental e/ou física:

– Precisa constantemente da aprovação do seu par afetivo para tomar decisões simples (exemplo: escolher a cor da blusa);

– Sente-se perdida quando o outro deixa de fazer contato, mesmo por curtos períodos de tempo, perdendo a capacidade de concentração enquanto o outro não fizer contato;

– Necessita da companhia do outro para realizar tarefas que poderiam ser realizadas individualmente (exemplo: ir ao banco pagar contas, cortar cabelo, comprar roupas ou sapatos, escolher uma cortina nova, etc);

– Apresenta comportamentos de ciúme exagerado;

Uma pessoa dependente deixa de viver a própria vida para viver em função do ente querido. Uma relação saudável exige ajustes no cotidiano de todos, pois todos têm obrigações a cumprir em vários âmbitos da vida. É importante reconhecer que o outro precisa de tempo para estudar, trabalhar, praticar esportes e fazer coisas que lhe agradam de forma individual, para preservar o senso de identidade.

O dependente não tem este senso de unilateralidade, não consegue estabelecer as próprias metas, não tem valores próprios, opiniões, etc. Para ele tudo emana do outro e tudo é para agradar o outro. Por quê?

Algumas pesquisas na linha da Psicologia Clínica indicam que isto ocorre por medo da solidão, ou seja, o indivíduo que desenvolveu um comportamento dependente em relação a outro, no fundo teria medo de viver sozinho. Quando encontra alguém, vai gradualmente abrindo mão de sua individualidade para garantir a gratificação afetiva e/ou sexual, até que sua identidade esteja completamente “soterrada”. Geralmente adotam a identidade do outro (mas não é uma regra).

Vale ressaltar que este comportamento de dependência nem sempre agrada a outra parte. Por isso é importante estabelecer metas e limites nos relacionamentos. Um bom começo seria ir gradativamente mostrando para o dependente que existe “vida fora do relacionamento” e incentivá-lo a buscar seus caminhos, afinal uma relação saudável se faz quando os envolvidos trocam suas vivências e experiências individuais, o que dificilmente ocorre em uma relação de dependência.

Amar não é depender. Amor exige cuidado, mas também compreensão e espaço para que o outro cresça como pessoa. A dependência pode se tornar um peso.

Pense nisto!

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