Se há algo que não podemos discutir, é a individualidade das pessoas. Cada uma tem sua maneira de pensar, de sentir. Cada uma tem sua forma de ver o mundo. Cada uma tem seu jeito de amar…
Pensamos que amar é nos doar de corpo e alma para a pessoa que nos atraiu com seu canto de sereia. Ledo engano. O amor é bem mais do que isso. Amar é, sim, sentir-se completo na presença da outra, mas vai além disso. Amar é, antes de tudo, confiar plenamente na companheira de tal forma que possamos nos mostrar a ela em toda nossa plenitude sem medo de julgamentos, sejam quais forem…
Claro que isso acaba trazendo problemas para nós, pois temos travas mil quanto ao quesito confiança. E trazemos vários preconceitos desde nosso berço. E nem sempre a verdade agrada ao parceiro, se contada já em um primeiro momento. Não é por outro motivo que fazemos o jogo da sedução, tal e qual a aranha faz com suas presas, enredando-as em sua teia…
Quantas vezes não sentimos o amor por uma pessoa, mas não temos coragem de dizer quem somos realmente para ela? Quantas vezes não representamos um papel que nada tem a ver com nossa essência, pelo simples medo de perder aquela que conquistou nosso coração? E quantas vezes não deixamos de lado alguém que nos aceitaria exatamente como somos, porque ela não tem aquele “algo mais” que a outra? Ou seja, nosso coração é caprichoso…
Esconder nossa essência da pessoa amada é complicado para os dois. Porque uma hora nossa verdadeira personalidade irá aflorar. Ninguém consegue representar um papel que não é o seu a vida toda. Chega um momento em que nos revelamos ao ser amado, dizemos a ele e ao mundo quem realmente somos. E aí não importa se estamos apenas com nosso parceiro ou se dessa união temos descendentes. Simplesmente vamos nos abrir, ser quem realmente somos…
Revelar nosso verdadeiro eu para a pessoa que convive ao nosso lado pode ser traumático. Assim como esse trauma afeta também os filhos que porventura tenhamos juntos. Porque até aquele momento vivemos uma vida que não era nossa, na angustia de que, se nos revelássemos, perderíamos tudo que foi construído com tanta dificuldade…
A vida é complicada. O amor é complicado. São nesses momentos que invejamos aquelas pessoas que se sentem bem sozinhas, não necessitando de ninguém para ter uma vida plena e feliz. Ou aquelas que, mesmo com as reviravoltas do destino, conseguem um meio termo onde podem ser quem realmente são e, quando necessário, serem aquela pessoa esperada por seu par. Sem cobranças, sem medos, sem angustias…
A alegria só é plena quando os dois lados se completam. Não há felicidade quando apenas um dos lados compreende o outro. São dois corpos se tornando um. Ou então essa união não existe. A felicidade da outra é importante, mas se não nos amarmos o suficiente… bem, estaremos fadadas a viver na penumbra da tristeza e da solidão, mesmo ao lado da pessoa amada…