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Amar ou compreender?

Amar não significa dar liberdade plena ao ser amado, pois inexiste perfeição

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Autor/Imagem:
Hélio Cervelin - Foto Produção Irene Araújo

O que significa amar? E o que é o amor, afinal? Quem ama, simplesmente ama, ou exige reciprocidade? É apenas amante ou pode julgar-se o possuidor ou talvez o controlador da pessoa amada?

Para amar alguém é preciso, primeiramente, admirá-lo: sua simpatia, beleza, ternura, educação, cultura, coragem… ou todas essas qualidades juntas. Quando o ser amado só tem qualidades, deduz-se que fica bem mais fácil amá-lo!

Todavia, pessoas perfeitas, sem nenhum defeito, existem? Provavelmente, não!

A imperfeição de todos nos parece ser um consenso, uma vez que é consenso que não existe ninguém perfeito sobre a face da Terra. Isso até acabou gerando a famosa frase “Ninguém é Perfeito!”, justificativa para a maioria de nossos atos “imperfeitos”. O que fazer, então, com os defeitos da pessoa amada?

Diversas são as alternativas: submeter-se a eles, adaptando-se; tolerá-los e tentar amenizá-los por algum tempo até conseguir suprimi-los ou suavizá-los; ou ainda, na hipótese mais drástica, procurar outro alguém para amar, desistindo do esforço conciliatório.

Um filósofo me ensinou que a palavra “amor” não tem origem, carece de base etimológica, o que nos deixa inseguros para definir o que é amar. Ele prefere trocar a palavra “amor” pela palavra “compreensão”. Assim, em vez de “amar”, “compreender”, porque, se eu compreendo alguém, eu perdoo os seus defeitos, e o apoio nas suas falhas e inseguranças, respeitando-o como uma pessoa sujeita a errar, e aceitando-o, até porque me considero imperfeito também. Enfim, amo-o por compreender isso tudo e, especialmente, o amarei ainda mais se esse alguém me amar/compreender também.

O mesmo filósofo me ensinou que a paixão é um sentimento negativo, ou melhor dizendo, que a paixão é uma “emoção” em vez de ser um sentimento. E toda emoção é perigosa, pois pode nos fazer perder o controle e nos impelir a cometer desvarios, tomar atitudes impensadas e até violentas, e fazer loucuras que possam prejudicar, às vezes até matar, a outra pessoa.

Frequentemente, ouvimos falar que alguém matou a companheira, cometendo um feminicídio por motivo de ciúmes, porque “estava muito apaixonado ou enciumado”. Se estar apaixonado for o mesmo que amar “intensamente”, pergunta-se:

Quem ama pode matar a pessoa amada?

Acredito que, quem ama verdadeiramente, ou seja, quem compreende verdadeiramente a outra pessoa, certamente entenderá todos os seus atos e jamais lhe fará mal.

No amor-compreensão existe a renúncia em favor da outra pessoa, a ponto de o renunciante sentir-se bem por ter deixado de usufruir de algum conforto só para ver feliz a pessoa amada. Então isso pode significar que quem compreende, além de perdoar, tolerar, respeitar e aceitar pode considerar mais uma virtude: a renúncia!

Joana de Angelis, espírito de luz do kardecismo, nos ensina que o amor no Plano Espiritual é “incondicional”, ou seja, quem ama compreende, aceita, confia, perdoa, tolera… Quem ama, simplesmente AMA, SEM EXIGIR NADA EM TROCA. Na psicografia de Divaldo Pereira Franco, ela começa definindo o amor, assim:

O amor é a substância criadora e mantenedora do Universo, constituído por essência divina. É um tesouro que, quanto mais se divide, mais se multiplica, e se enriquece à medida que se reparte. Mais se agiganta, na razão que mais se doa. Fixa-se com mais poder, quanto mais se irradia. Nunca perece, porque não se entibia nem se enfraquece desde que sua força reside no ato mesmo de doar-se, de tornar-se vida (http://www.novaera.org.br/index.php/artigo10931/)

Com base nessa definição, ainda poderíamos citar mais uma qualidade de quem realmente ama: a doação. Neste caso justifica-se a renúncia, pois seu significado é semelhante ao da doação.

Amar não significa dar liberdade plena ao ser amado, pois, se já concordamos que ninguém é perfeito, deixar muito solto alguém que possa fazer algo do qual temos certeza de que lhe trará consequências e arrependimento, podemos concluir que, eventualmente, amar é também discordar quando a situação o requer. Mas, é claro, visando sempre à felicidade do ser amado.

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