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Amigos, amigos, mas fazendas à parte

José Escarlate

Buscando uma fórmula para ajustar a economia, Figueiredo resolveu dar uma no cravo e outra na ferradura. Ao montar seu governo, colocou Mário Henrique Simonsen, que vinha do governo Geisel, no Planejamento, cuidando do controle da política econômica.

Delfim Netto, depois do luxuoso exílio em Paris, foi para a Agricultura. Políticos e a própria imprensa diziam que o caso do Gordo era números. Não sabia distinguir uma melancia de uma abóbora.

Apesar de bastante experiente, Delfim Netto ficou abalado com a saída de Mario Henrique Simonsen do ministério da Fazenda. Delfim assumiu o Planejamento. Estava mais perto de casa. Para ocupar seu lugar, foi nomeado um técnico, Amauri Stábile.

Depois do rebu no Palácio do Planalto quando Simonsen negou sua demissão, depois confirmada, os repórteres partiram para ouvir Delfim. O ministro negou o quanto pode, asseverando que nunca haviam brigado.

– Era natural que nós tivéssemos divergências naquela época. Eu era ministro da Agricultura, tinha que sair em defesa da agricultura, dos fazendeiros, das fazendas. O Mário tinha que defender a Fazenda, que não era a minha fazenda, mas a outra, a dele, disse.

Amigos desde a mocidade, frequentavam os bares da época para beber uísque e conversar sobre economia. Segundo amigos de ambos, Simonsen sabia que a situação econômica era extremamente difícil e decidiu sair. Acreditava que podia ajudar mais a Figueiredo fora do governo.

– O Mário foi embora do governo porque quis. Continuamos amigos, garantia Delfim, negando culpa.

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