Eles são quase como irmãos: compactuam de histórias engraçadas da infância, dividem os almoços de domingo na casa da avó e também guardam memórias de férias, feriados e finais de semana. Primos são quase como irmãos entre as famílias que priorizam a convivência em conjunto.
Os anos passam, as formas do corpo mudam, e, com isso, chega a vontade de explorar novas experiências no campo afetivo e sexual . Em alguns casos, o que era uma apenas uma amizade entre dois primos acaba virando um caso de amor. É o caso de Helena (Bruna Marquezine) e Laerte (Guilherme Leicam) na nova novela da Globo, Em Família, em que vivem um romance apesar de serem do mesmo sangue.
Na vida real, aconteceu algo parecido com o editor de vídeo Maurício (*), 30, quando ele tinha apenas 11 anos de idade. “Não tinha muita noção do que estava fazendo, se estávamos namorando, ficando ou qualquer outra coisa”, relembra.
Maurício diz que o que era uma brincadeira virou rotina e acabou “aguçando outros sentidos”. “Descobrimos que o simples fato de tocar o corpo um do outro nos deixava feliz”, conta, reforçando que na época não tinham noção do que era ficar excitado.
Com o tempo, segundo ele, foram se conhecendo “mais do que deveriam”. “Por algum motivo, transamos. E mais de uma vez”. A história teve fim quando uma tia os pegou no flagra, no quarto. “Teve uma reunião com toda a minha família para discutir o que estava acontecendo. Entre choros e broncas, fomos proibidos de nos ver”, lembra.
Depois disso, eles passaram cinco anos sem se ver. “Quando nos encontramos novamente, já éramos mais velhos e nos lembramos de tudo oque aconteceu. Demos risadas e percebemos que aquilo era brincadeira de gente grande. Nunca mais aconteceu nada entre a gente. Hoje em dia nos vemos muito pouco ou quase nunca, mas é engraçado lembrar disso novamente”, afirma.
Segundo o psiquiatra Leonard Verea, casos deste tipo não são muito comuns. “Não é frequente a ponto de trazerem o problema para tratamento. Quando duas pessoas estão apaixonadas, não veem problema em lugar nenhum, então não procuram orientação”, observa.
A Cristiane Pertusi acredita que, de um modo geral, este tipo de situação pode acontecer entre famílias que convivem muito juntas. Mas é menos comum hoje do que no passado, na opinião da especialista. “Culturalmente e socialmente, as famílias viviam mais juntas. Hoje o contexto é um pouco diferente.”