Desde que resolvi me tornar escritor, percebi que essa profissão é, quase sempre, solitária, pois lá ficamos isolados do mundo, mas com o pensamento nas coisas que acontecem nele e dentro de nós, numa constante busca da melhor maneira de juntar palavras e expressar sentimentos.
Apesar dessa solidão, de vez em quando, tenho contato com um ou outro leitor, que me aborda na rua. Confesso que isso, a princípio, me deixava desconcertado, a despeito de provocar uma sensação bem gostosa, como se o meu eu interior me dissesse: “Pois é, Dudu, até que você consegue cativar algumas pessoas”. No entanto, antes que a vaidade me transporte para as nuvens, eis que a minha mulher, a Dona Irene, me puxa pelas orelhas.
Pois bem, lá estava eu próximo à porta da sala, após ter conversado com uma das turmas do Leandro, quando os alunos do 7º C começam a entrar. De repente, fui surpreendido por uma linda menina com o sorriso capaz de encantar o universo e aqueles olhos cheios de vida direcionados para mim. A garota, quase lacrimejando, colocou as duas mãos no rosto, eu me aproximei e ela falou: “Não acredito que você veio!”
Logo soube que o seu nome era Ana Clara. Aliás, preciso falar o nome inteiro da minha agora amiga: Ana Clara Rodrigues Costa. Puro encanto!!!
Durante o bate-papo com a turma, a Ana Clara me entregou uma carta, onde diz que estava muito ansiosa para me conhecer, que amou muito todos os meus textos lidos e trabalhados em sala de aula. Mas o melhor ainda estava por vir.
Lá estava entretido com aquelas meninas e meninos maravilhosos, quando o professor Leandro sugeriu uma atividade para aquele momento. Os alunos teriam que refazer o final de um dos meus textos. Fiquei muito curioso para ver o que aquela garotada iria aprontar.
Não tardou, a Ana Clara leu em voz alta o seu final para “Almerinda, a empregada doméstica”, que, por sinal, foi o primeiro dos meus contos que foi publicado por Notibras há quase um ano. Na história original, Almerinda não tem um final feliz, pois é vítima da exploração imposta por sua patroa. No entanto, eis que a minha amiga, sábia e criativa como ela só, me vem com um desfecho muito melhor do que o meu.
Com o desenlace imaginado por essa menina tão arrebatadora, o destino da Almerinda foi trabalhar de cuidadora com um salário de 30 mil reais. Dessa forma, ela pode ter tempo e dinheiro de sobra para levar uma vida feliz. Tudo graças a essa garota tão carismática, que, com aquele sorriso mais lindo no rosto, me encantou. Muito obrigado, Ana Clara!!!