A anemia é causada, principalmente, pela falta de ferro no sangue. Porém, a condição pode estar associada à carência de outras vitaminas que, por exemplo, ajudam na absorção do mineral. Além disso, manter a boa saúde do intestino é fundamental nesse processo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a anemia ocorre quando o número de hemácias (células presentes no sangue) ou sua capacidade de transportar oxigênio é insuficiente para atender às necessidades fisiológicas.
Esse transporte é de responsabilidade da hemoglobina, proteína que fica dentro das hemácias. “A hemoglobina é formada por vários nutrientes, não só ferro. Se o resultado do hemograma estiver alterado [para o ferro], tem de pensar nos outros [componentes]”, explica a nutricionista funcional Camila Laranja.
Outras carências associadas à anemia, segunda ela, são de vitamina A, vitamina B12, zinco e ácido fólico. “Para o funcionamento normal do organismo, esses nutrientes têm de estar em sincronia, em níveis ideais. Se falta um, afeta o outro”, diz a especialista.
A perda excessiva de sangue durante a menstruação, por exemplo, pode ser fator de risco para as mulheres, uma vez que há perda de ferro também. Por isso – e para todas as pessoas -, além de manter uma alimentação rica no mineral, é preciso ingerir alimentos que vão contribuir para sua absorção e evitar os que prejudicam.
A vitamina C é um dos aliados para isso quando a anemia é causada por falta de ferro. Um estudo feito com crianças comprovou que o suco de laranja – rico nessa vitamina – potencializa a absorção do ferro quando consumido junto a um alimento enriquecido com o mineral.
Intestino em dia. Para que o ferro seja devidamente absorvido pelo organismo, a nutricionista afirma que tanto o estômago quanto o intestino precisam estar íntegros. As alterações no metabolismo, e que podem prejudicar esse processo, geralmente ocorrem em idade mais avançada.
“Às vezes, o idoso, por deficiência de ácido no estômago, não absorve as vitaminas, como zinco e B12, que precisam dessa carga ácida [para serem metabolizadas]”, explica Camila. A redução do ácido gástrico, essencial para a digestão, decorre de mudanças na estrutura e composição celular devido ao envelhecimento. Por isso, esse grupo populacional é de risco para o desenvolvimento de anemia.
Para manter o equilíbrio intestinal e do estômago, a especialista recomenda evitar alguns produtos na alimentação: os industrializados (pela presença de aditivos que prejudicam a permeabilidade do intestino), açúcar, excesso de leite e derivados e trigo (esses dois últimos devido ao potencial alergênico).
Alimentos contra e a favor. Segundo a nutricionista funcional, as carnes, principalmente a vermelha, são a melhor fonte de ferro. Aqui, ela comenta que há pacientes que, mesmo consumindo esses alimentos, apresentam deficiência do mineral. O problema geralmente ocorre porque a quantidade não é adequada ou o intestino está alterado.
Para quem não consome alimentos de origem animal, ela indica leguminosas, como feijão, lentilha, grão de bico, além de oleaginosas, como castanhas, cereais e aveia. Camila diz que alguns vegetarianos e veganos conseguem ter bons níveis de ferro no sangue com uma alimentação equilibrada. Caso exames comprovem alteração, pode-se recorrer a suplementos livres de componentes de origem animal.
Já algumas combinações não são recomendadas. “Alimentos muito ricos em cálcio com [alimentos ricos em] ferro não são interessantes”, orienta a nutricionista. Quando consumidos em alimentos separados, ambos vão ‘competir’ entre si, o que pode diminuir a absorção.
Porém, se o cálcio e o ferro estiverem no mesmo alimento (como nas leguminosas), os níveis ficam balanceados. A especialista recomenda evitar ainda excesso de café, chás com cafeína e bebida alcoólica por alterarem a permeabilidade intestinal ou comprometer a absorção.
Mais do que tudo, Camila diz que é preciso encarar os alimentos não apenas como um meio de matar a fome ou como ricos em determinadas vitaminas e nutrientes. “Eles podem ter efeito funcional além das propriedades básicas. Se pensarmos em especiarias, ervas e temperos, a maioria é antioxidante, o que evita o envelhecimento das células”.