Mais de um ano depois que estudantes e opositores do governo de Nicolás Maduro foram às ruas da Venezuela, gerando também protestos por parte de defensores do presidente, a Anistia Internacional (AI) denuncia a falta de vontade política do governo venezuelano para condenar todos os responsáveis pelas 43 mortes e centenas de feridos e torturados, ressarcir as vítimas e seus familiares e liberar pessoas que foram presas de maneira arbitrária.
A organização lança nesta terça-feira (24) o relatório “As faces da impunidade: um ano após os protestos, vítimas ainda esperam por justiça”, em que faz um balanço do legado dos protestos que abalaram o país entre fevereiro e julho de 2014. Os confrontos nas manifestações deixaram um saldo de 43 mortos, 878 feridos, incluindo homens da força de segurança, e centenas de pessoas torturadas e maltratadas, aponta o documento.
Segundo investigação da AI, das 3.351 pessoas que foram detidas após confrontos em manifestações, 1.404 enfrentam acusações por delitos de bloqueio de vias públicas, lesões, danos à propriedade pública e associação para crimes. Além disso, 27 ainda estão presas na espera de julgamento, e pelo menos cinco delas foram detidas arbitrariamente. Elas são processadas sem que exista evidência para acusação; algumas foram detidas sem ordem de prisão e quando não cometiam delito, aponta o relatório.
A investigação do Ministério Público venezuelano indica que os responsáveis pelas mortes foram tanto funcionários das forças de ordem como civis armados, incluindo grupos pró-governo. Parte das mortes também ocorreu em incidentes nas barricadas colocadas por manifestantes para bloquear as ruas.