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Matem essa ideia

Anistia é sinônimo de velho pacto de ossos insepultos há 61 anos

Publicado

Autor/Imagem:
Rafaela Fernanda Lopes - Texto e Imagem

Há sessenta e um anos, o tempo engessado,
No relógio da pátria, um ponteiro parado,
Botas de chumbo riscaram a história,
E o medo plantou raízes na memória;

Quantos nomes a terra escondeu?
Lembranças apagadas, que o vento levou,
Filhos herdam ausência em retratos sem moldura,
Pais transformados em poeira nas fissuras;

Gritos abafados em porões sem luz,
Carne aberta, destino amargo e cruel,
Tiranos com mentiras em tribunais de papel,
Enquanto pessoas sofriam no quartel;

Quantos mapas rasgados ao horizonte?
Exílios escritos com sangue no asfalto quente,
Críticas viraram sussurros em garrafas ao mar,
Encontradas tempos depois, sem alguém para escutar;

Mulheres, rosas pisadas em praças vazias,
Sementes de revolta em lágrimas frias,
E ainda há os que vestem a capa da ignorância,
Bebendo o veneno da militarizada herança;

Mortos sem estrelas, vivos sem chão,
Ditadores esculpem estátuas de ilusão,
Caminham entre nós, anistiados, isentados da culpa,
Enquanto o passado sangra nas calhas da rua.

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