Réveillon no Nordeste
Ano chega girando o ciclo que gera uma nova vida
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emA praia, com seu vai e vem de ondas, parecia respirar junto com o mundo na última noite do ano. O céu, pincelado de estrelas e um tênue brilho da Lua Nova, anunciava a chegada de um novo ciclo. A areia fina, ainda quente do sol, contrastava com a brisa fresca que soprava do mar, trazendo junto o cheiro de sal e promessas.
Era o cenário perfeito para se despedir do velho e abraçar o novo. Em meio à multidão que brindava com espumantes e dançava ao som de risos e músicas, Paula – um nome fictício, embora seja ela real -, de vestido branco e olhos brilhantes, destacava-se. Sua barriga arredondada, cuidadosamente envolta pelo tecido leve, era como um símbolo palpável da renovação que todos ali celebravam.
Grávida de seis meses, Paula sentia que carregava mais do que um filho: levava no ventre um fragmento de esperança. Enquanto as pessoas ao redor explodiam em abraços e fogos de artifício, ela permanecia em silêncio, com as mãos pousadas sobre o futuro bebê que dava os ‘primeiros chutes’, sentindo os movimentos suaves de quem ainda não havia conhecido o mundo, mas já participava dele.
Seu marido, Carlos – tão real quanto a esposa, mas também fictício na denominação -, chegou trazendo duas taças. Ofereceu-lhe uma com suco de uva, enquanto segurava a outra com espumante. Sentou-se ao lado dela na areia, e juntos observavam os fogos refletidos nas águas agitadas.
— Você acha que ele vai gostar de praia? — perguntou Paula, rindo suavemente, como se falasse com o bebê.
— Se puxar à mãe, vai adorar — respondeu Carlos, segurando sua mão.
No horizonte, o espetáculo de cores era como o coração da festa, mas para Paula, a maior beleza estava na simplicidade daquela noite: o pulsar do mar, a luz das estrelas, e o pequeno ser que se mexia dentro de si, como se dançasse ao ritmo dos fogos.
Enquanto os gritos de “Feliz Ano Novo!” tomavam conta da praia, Paula olhou para Carlos e depois para sua barriga. Ali, no Réveillon, com o mar como testemunha, ela entendeu de forma profunda e silenciosa que a vida gera a vida.
E assim, no início de um novo ano, Paula não apenas esperava; ela gerava. Não apenas celebrava; ela criava. E, no fundo, sabia que o que vinha pela frente não era apenas um novo ciclo, mas um universo inteiro de possibilidades.
O mar continuava seu vai e vem, como um relógio eterno, lembrando que a vida, como as ondas, nunca para.