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Ansiedade pode ter ligação direta com doença de alzheimer

Um estudo recentemente publicado no The American Journal of Psychiatry sugere que transtornos de ansiedade podem ser um indício da doença de Alzheimer.

A pesquisa aponta uma relação entre um aumento nos níveis de beta amiloide no cérebro e o agravamento dos sintomas de ansiedade. Sendo assim, sintomas neuropsiquiátricos ligados à ansiedade podem ser um sinal da doença de Alzheimer em seus estágios iniciais.

No Brasil, a doença de Alzheimer atinge cerca de 1,2 milhão de idosos com 100 mil novos casos a cada ano. A estimativa é a de que esse número dobre até 2030, segundo a Associação Brasileira de Alzheimer. A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que até 2050 o número de casos aumente em até 500% em toda América Latina.

O Estudo – Estudos anteriores já apontavam a depressão e outros distúrbios mentais como possíveis sinais iniciais de Alzheimer antes mesmo do processo de deterioração da memória. A diferença neste novo estudo, no entanto, está em enxergar a ansiedade como o sintoma mais central. “Ao invés de apenas olhar a depressão como um todo, nós analisamos sintomas específicos como a ansiedade”, explica a psicogeriatra Nancy Donovan, do Brigham and Women’s Hospital em Boston, Massachusetts. “Quando comparados a outros sintomas de depressão, como tristeza ou perda de interesse, os sintomas de ansiedade aumentaram ao longo do tempo em pessoas com níveis mais elevados de beta amiloide no cérebro.”.

Para a pesquisa, um grupo de cientistas analisou um banco de dados do Harvard Aging Brain Study, um estudo com duração de cinco anos que acompanhou 270 adultos entre 62 e 90 anos de idade sem distúrbios psiquiátricos preexistentes. Ao longo do período da pesquisa, os voluntários passaram por escaneamentos cerebrais anuais em busca de sinais de depressão. Durante o estudo, os pesquisadores descobriram que pessoas com sintomas crescentes de ansiedade também apresentavam crescentes níveis de beta amiloide no cérebro.

A beta amiloide é uma proteína com uma já estabelecida relação com a doença de Alzheimer. O seu acúmulo cria placas no cérebro que dificultam ou impossibilitam a comunicação dos neurônios, levando assim ao que se acredita ser a principal causa dos problemas cognitivos característicos da doença.

A nova pesquisa, no entanto, aponta que tais disfunções nos neurônios podem se manifestar até 10 anos antes de qualquer perda de memória.

Nova descoberta pode ajudar na prevenção – Os pesquisadores reconhecem que a associação entre ansiedade e beta amiloide ainda não está completamente clara. Além disso, falta aprofundar a relação entre uma piora no quadro de ansiedade e o desenvolvimento da doença de Alzheimer.

Ainda assim, este é um importante achado que pode indicar uma significativa relação e um importante caminho na prevenção e identificação precoce da doença de Alzheimer. “Se pesquisas futuras corroborarem a ansiedade como um indicador precoce, seria importante não apenas para identificar as pessoas no início da doença, mas também como forma de tratar e potencialmente desacelerar ou prevenir o processo da doença já em um estágio inicial”, aponta a médica Nancy Donovan, pesquisadora chefe do estudo.

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