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Apartamento na selva de pedra tem jeito de casa de campo

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Monique Heemann

Contrapor elementos urbanos e rurais foi apenas o ponto de partida do arquiteto Pedro Kastrup, do escritório PKB Arquitetura, para decorar este apartamento de 75 m², no bairro de Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro. Atual morada de um casal de profissionais liberais às voltas com uma rotina de trabalho agitada, mas com não menos frequentes viagens de lazer, ele foi projetado, antes de tudo, para testemunhar essa condição.

“Eles não queriam uma casa que os desligasse completamente da rotina porque a vida deles está muito ligada ao trabalho”, explica Kastrup, que assinou também o projeto do apartamento anterior do casal. Assim, para atingir a atmosfera desejada, as paredes se tornaram, desde o início, o grande trunfo.

Segundo o arquiteto, a ideia era compor ambientes que remetessem tanto a elementos da metrópole, como o cimento queimado da sala, quanto a outros campestres, como o do hall de entrada, inteiramente revestido com madeira freijó. “Assim, quando eles chegam da rua, do estresse do dia a dia são acolhidos por um revestimento que sugere relaxamento, conforto”, comenta.

Outro desejo dos proprietários, o de agregar ao projeto os muitos objetos angariados em suas viagens, foi igualmente considerado. “Eles trabalham para viajar”, conta o arquiteto, que por meio dos revestimentos criou nichos pensados para exibir as lembranças dos muitos itinerários percorridos. Como a cabeceira da cama do quarto, feita com aplicação de favos cerâmicos em alto-relevo, e que funciona como apoio de quadros. “Eu construí uma base neutra, para eles apoiarem as imagens favoritas.”

Já nos ambientes menos frequentados da casa, o arquiteto se permitiu ousar mais nas cores. O azul da pintura do escritório, por exemplo, foi um pedido do casal, assim como os detalhes em vermelho e os móveis de madeira pensados para aquecer o ambiente. Em outra solução de impacto, o banheiro de visitas recebeu azulejos cinzas, em contraste ao amarelo que aparece na bancada e nos nichos.

A cozinha, que chama atenção pelo visual industrial de seus componentes, como as banquetas pretas e a iluminação pendente, também encontrou na madeira seu contraponto ideal. Por sua vez, para rebater a intensa luz da varanda, Kastrup escolheu azulejos brancos aplicados com rejunte escuro. “Foi uma forma de deixar em evidência e valorizar a simplicidade do revestimento”, diz.

O mesmo aconteceu no banheiro da suíte, onde foram utilizados azulejos cinzas e brancos. “O cinza ajuda integrar o ambiente ao restante do apartamento, enquanto o branco confere luminosidade ao cômodo e, junto à madeira, produz um clima mais relaxante.”

Além da troca de revestimentos, a reforma, que consumiu três meses, incluiu também a adequação dos espaços para receber um número maior de convidados. “O apartamento era compartimentado demais, por isso buscamos integrar melhor os ambientes”, lembra o arquiteto.

Assim, sala de estar, jantar e cozinha foram unificadas para aproximar os ambientes. A parte hidráulica e elétrica foi refeita para valorizar pontos estratégicos, como a varanda que dá para os fundos do prédio, onde uma área verde aumenta as condições de frescor e ventilação. Feitas as contas porém, a funcionalidade veio a reboque. Foi a personalidade do casal o fator determinante da reforma. E, sem dúvida, a maior responsável pelo seu sucesso.

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