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Aplicativo mapeia cafeterias livres de assédio para mulheres

Foto: Carlos Durán

Um aplicativo de celular lançado há três semanas no Marrocos tem a intenção de elaborar um mapa dos cafés e estabelecimentos do país que as mulheres podem visitar sem o risco de assédio, uma iniciativa que, de acordo com sua criadora, Safâa El Jazouli, vai ajudar a “reconquistar os espaços públicos”.

Safâa explicou à Agência Efe que a plataforma, chamada ‘Finemchi’ (algo como “Onde devo ir?” em árabe), já reuniu mais de 100 endereços e com 15 dias de lançamento já tinha mais de 1.000 mulheres cadastradas e o usando diariamente.

“A ideia surgiu de experiências próprias”, contou ela, que é especialista em telecomunicações e lamenta não ter muitas opções quando quer escolher um lugar para ir com as amigas.

No Marrocos é comum que a clientela dos estabelecimentos seja majoritariamente masculina, especialmente em cafés, e em particular em dias de transmissão de jogos de futebol. Segundo Safâa, isto se traduz em uma série de problemas para as mulheres.

“Na entrada tem o assédio verbal, os olhares insistentes que podem parecer inofensivos, mas que desagradam muito a mulher. E, às vezes, pode se transformar em agressões físicas”, disse.

Na semana passada, o parlamento marroquino aprovou uma lei contra a violência sexual que criminaliza, pela primeira vez na história do Marrocos, o assédio na rua, mas várias ONGs disseram que isso ainda é “insuficiente”.

De acordo com dados da ONU Mulheres, 63% das marroquinas já foram vítimas de violência machista alguma vez na vida e um de cada três casos acabou em agressão em espaços públicos.

Na opinião da criadora do aplicativo, as diversas plataformas de avaliação de bares e restaurantes já existentes “não ajudam muito” a discernir se um lugar é recomendável ou não para uma mulher, já que “a maioria dos comentários é escrito por homens”, e por isso o ‘Finemchi’ se baseia em critérios-chave “no processo de decisões de uma mulher”.

Para determinar se um lugar é ‘women friendly’, o programa leva em conta elementos gerais, como a qualidade da comida e o preço, e outros mais específicos, como o histórico de assédio no lugar ou o código de vestimenta recomendado.

Desde o lançamento, ela já recebeu “centenas” de propostas de lugares interessados em aderir à plataforma, que também permite compartilhar eventos de interesse do público feminino e localizar, “caso seja necessário”, a delegacia mais próxima.

“Também recebi mensagens de homens dizendo que apoiam a iniciativa porque se sentem mais seguros para sair com suas filhas, esposas, mães ou irmãs”, destacou a empresária.

O objetivo é “expandir a possibilidade de sair das mulheres” e a força está na oportunidade de criar relatos de qualidade nas principais cidades do país.

“Queremos mostrar que, se o seu estabelecimento não está no ‘Finemchi’, talvez você precise fazer algumas melhorias”, ressaltou.

E alguns locais inclusive já procuram por ela para estudar como atrair mais a clientela feminina. Sua sugestão? Adotar certas práticas e organizar eventos que reúnam mulheres.

“Se transmitem jogos de futebol para os homens, por que não podem passar ‘Lalla Laaroussa’ (o ‘reality show’ mais assistido do Marrocos) ou ‘The Voice’, por exemplo?”, sugeriu.

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