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Aplicativo “Nós por Nós” vai mapear ações violentas nas favelas cariocas

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Tássia Di Carvalho

Os moradores das favelas cariocas terão uma nova ferramenta para denunciar casos de violência que sofrem. Em março, será lançado o aplicativo ‘Nós por Nós’, preparado para registrar casos de agressões, incluindo abusos cometidos por policiais nas comunidades. As denúncias feitas no app serão repassadas para ONGs que lutam pelos Direitos Humanos, como Justiça Global e Anistia Internacional, e para órgãos como o Ministério Público.

O projeto, desenvolvido pelo Fórum de Juventudes do Rio de Janeiro, nasceu de uma necessidade sentida após o grupo montar uma cartografia coletiva com moradores de comunidades pacificadas e não pacificadas, sob o comando de milícias e do tráfico. “Os próprios moradores fizeram seus mapas e montamos uma cartografia social”, explica Fransérgio Goulart, um dos idealizadores do Fórum de Juventudes. “Quando terminou pensamos em algo prático que poderíamos fazer com aquilo. Foi aí que surgiu a ideia do aplicativo”, diz.

Além de denúncias de violações de direitos, a ferramenta ainda servirá para os moradores de favelas se informarem. “Muitas vezes eles não sabem que não têm de ser revistados aleatoriamente. A polícia não tem um mandado de busca coletivo”, cita Fransérgio. Segundo ele, os moradores de favelas poderão fazer suas denúncias anonimamente, se preferirem, além de postar fotos, vídeos e textos.

Segundo Lena Azevedo, pesquisadora da ONG Justiça Global, o app é uma ferramenta importante para aqueles que muitas vezes não sabem a quem denunciar abusos. “É mais um instrumento para denúncias e que protege o anonimato”, cita. “Casos como o do Eduardo (baleado na porta de casa no Complexo do Alemão) e da Cláudia (arrastada por uma viatura da PM em Madureira) poderiam ser denunciados através de vídeos”, conta.

Para o militante social do Alemão, Alex Azevedo, o aplicativo é bem vindo para denunciar casos como o que sofreu há um mês. “Os policiais me agrediram num beco, achei que fosse morrer. Uma senhora indo para a igreja disse ser minha tia e me salvou”, lembra. “Muitas vezes o morador não denuncia a violência por medo de represálias dos PMs, mas, sendo anônimo, vão se sentir seguros”.

O ativista social Rene Silva — que narrou o processo de pacificação do Alemão, em 2010 — também acredita que o aplicativo será muito útil para quem tem medo de fazer o registro. “É de extrema importância que exista uma ferramenta assim”, diz.

O Dia

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