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Após o cabo Cruz, dois guarda-vidas vão andando de Xerém até Copacabana para trabalhar

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Após o cabo dos bombeiros Altamir Cruz, 31 anos, decidir ir a pé de sua residência, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio, para um curso da corporação em Charitas, Niterói, dois guarda-vidas também decidiram caminhar de casa até o trabalho. Lotados no 3º Grupamento Marítimo (3º GMar) de Copacabana, na Zona Sul, os cabos Ângelo Soares, 27 anos, e Felipe Aguiar, 31 anos, eram vistos, no final da manhã desta terça-feira, caminhando pela Linha Vermelha, na pista em direção ao Centro. Moradores de Xerém, distrito de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, eles estavam, por volta das 10h30, na altura do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, o Galeão.

Felipe saiu de Xerém às 5h. Segundo ele, a última vez que recebeu os R$ 100 para transporte foi no 7º dia útil do mês passado. Hoje ele vai cumprir escala normal e teria que chegar às 8h30 no quartel. Mês passado, o militar cumpriu 16 serviços, sendo um deles extra. Contudo, não recebeu por este. Ele e o cabo Ângelo já pediram ao comando transferência para o quartel da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), que fica a meia hora da casa deles. Daria para ir até de bicicleta, mas os militares ainda não tiveram o pedido autorizado pelo comando.

Em média, Felipe e Ângelo gastam, por dia, R$ 23. Eles pegam dois ônibus: o primeiro custa R$ 7,80 e vai até a Cinelândia, onde seguem em um outro que custa R$ 3,80. Os dois contam já tiveram que pedir dinheiro emprestado à família e amigos, mas não querem mais fazer isso por estarem por vergonha.

No último sábado, ao menos 150 bombeiros de vários quartéis realizaram um protesto, da porta do Quartel da Ilha do Governador até a Ilha do Fundão, em defesa ao cabo Altamir Cruz. Temendo represálias por parte do comando do Corpo de Bombeiros, o vereador Marcio Garcia (Rede) impetrou junto ao Tribunal de Justiça do Rio um pedido de habeas corpus preventivo em favor do cabo. O HC preventivo visa impedir a prisão do agente. Nesta tarde, Garcia entrará com novo pedido de HC no Tribunal de Justiça. Desta vez, para impedir a prisão dos guarda-vidas do 3º GMAR.

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