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Planalto em alerta

Aprovação do governo cai como preço de banana em fim de feira

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Autor/Imagem:
Matheus Tancredo Toledo/Via Fundação Perseu Abramo - Foto de Arquivo

A mais recente pesquisa Quaest, feita em parceria com o Banco Genial, no fim de outubro, trouxe dados sobre a popularidade do governo Lula e a percepção dos brasileiros acerca da situação do Brasil. De acordo com o instituto, os números comparados ao levantamento anterior, de agosto, demonstram uma retração da popularidade do governo: houve variação dentro do limite da margem de erro, de 2,2 pontos percentuais (p.p.) para mais e para menos, na soma da avaliação de que o governo é ótimo/bom (de 42% em agosto para 38% em outubro), e acima da margem de erro na soma da avaliação de que o governo é ruim/péssimo (de 24% para 29%).

O número dos que aprovam o governo, em pergunta binária na qual só é possível aprovar ou desaprovar, soma 54% (eram 60%), enquanto são 42% os que desaprovam (eram 35%). Para melhor distinção dos índices expostos anteriormente e, para melhor entendimento, chamaremos a soma de avaliação ótimo/bom e ruim/péssimo de avaliação positiva e avaliação negativa, respectivamente, enquanto o índice binário será referido como aprovação e reprovação. No geral, os dados são referidos como os dados de popularidade do governo.

Olhando para a série de pesquisas realizadas pela Quaest, divulgadas ao longo desses 10 meses de 2023, é possível perceber que os patamares atuais de popularidade do governo Lula representam um retorno ao patamar percebido pelo instituto em dois levantamentos anteriores – os de abril e de junho deste ano. Considerando ambos, o governo Lula tinha avaliação positiva de 36% e 37%, respectivamente, e avaliação negativa de 29% e 27%, idem – conforme é possível verificar no Gráfico 1 abaixo, com a série histórica de pesquisas Quaest desde ano. Em relação aos índices de aprovação, eram 51% em abril e 56% em junho, enquanto a reprovação foi de 42% e 40%, em cada um.

A pesquisa, realizada com metodologia de coleta presencial, com duas mil entrevistas, aponta também que a redução de popularidade se deu com queda generalizada em todos os segmentos. Muito embora, o olhar amplo sobre a série histórica e esta constatação contemporize a queda imediata de popularidade, ressaltamos que alguns temas merecem discussão e certa atenção para pensar os desafios no próximo período.

Em artigos anteriores, ressaltamos que a opinião pública apresentava um quadro de possível distensionamento da polarização vista nas eleições de 2022. Este levantamento da Quaest aponta que é possível que tenha havido uma retomada do grau de oposição dos eleitores de Bolsonaro – a reprovação aumentou de 70% para 77% entre agosto e outubro, se aproximando do patamar visto em abril (de 81%), enquanto a avaliação negativa subiu de 51% para 60%, o exato número mensurado em abril deste ano. Entre os eleitores de Lula, também houve queda em relação a agosto e volta ao patamar anterior: a aprovação foi de 93% para 89%, sendo que em abril era de 88% e em junho 90%. A avaliação positiva caiu de 74% para 69% em relação ao mês passado, mesmo número das três primeiras pesquisas do ano (69% em fevereiro, 68% em abril e 69% em junho).

Do ponto de vista das percepções dos brasileiros e brasileiras acerca de temas mais conjunturais, no entanto, há alguns pontos para preocupação. Em relação a acontecimentos relevantes do período, foram 47% os que consideraram que a ajuda do Governo Federal ao Rio Grande do Sul foi insuficiente, 55% os que consideram que a quantidade de viagens internacionais do presidente Lula é excessiva, e 60% os que apontam que Lula se dedica mais do que deveria à agenda internacional – 49% do total não veem bons resultados para o Brasil nas viagens. Por outro lado, 51% concordam com o veto ao Marco Temporal pelo presidente, 85% aprovam os esforços com países do Oriente Médio para repatriação dos brasileiros e a disponibilização de aviões para resgate.

Embora uma parte significativa dos dados indiquem retorno a um patamar anterior de percepção sobre assuntos econômicos (situação da economia brasileira e expectativa, por exemplo), outros indicam possíveis novas tendências: 57% dos brasileiros afirmam que os preços das contas subiram, e 43% indicam que os combustíveis aumentaram. São 47% os que têm expectativa de aumento da inflação (eram 39% em fevereiro e 35% em junho), e 40% os que creem em aumento do desemprego (eram 35% e 37%, respectivamente). Subiu de 26% para 33% desde fevereiro a expectativa de diminuição dos salários. Os números revelam desafios para o governo. É crucial que o governo Lula siga promovendo cada vez mais melhorias econômicas e demonstre claramente como sua agenda, especialmente a internacional, beneficia a população, a fim de ampliar e consolidar seu apoio popular.

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