Um novo estudo alerta os líderes mundiais: dois terços das geleiras do planeta podem desaparecer até o final do século, graças ao aquecimento global. O melhor cenário é o de que ao menos a metade das cerca de 215 ,mil áreas cobertas de gelo virarão solo quente; no pior dos quadros, de cada seis geleiras, cinco estão condenadas a serem riscadas do mapa.
Segundo artigo publicado na revista Science, a consequente liberação de entre 38,7 trilhões e 64,4 trilhões de toneladas métricas de água doce faria com que o nível global do mar aumentasse entre 90 e 166 milímetros, o que significa que milhões de pessoas teriam suas casas cobertas pelos oceanos e mares, principalmente nas marés altas.
As previsões não se aplicam aos mantos de gelo da Antártida e da Groenlândia, de longe os dois maiores corpos de gelo sem litoral da Terra. Eles contêm cerca de 33 milhões de quilômetros cúbicos de gelo, cerca de dois terços da água doce do mundo.
O principal autor do estudo, David Rounce, glaciologista e professor de engenharia da Carnegie Mellon University, disse que era apenas uma questão de quantas geleiras iriam derreter – e essa era a escolha da humanidade. “Não importa o que aconteça, vamos perder muitas geleiras”, garantiu, observando, porém, que o homem tem a capacidade de fazer a diferença limitando a quantidade de geleiras que perdemos.”
Rounce avalia que o mundo enfrenta um aumento médio de temperatura de 2,7 graus Celsius desde os tempos pré-industriais, há 250 anos. A coautora Regine Hock, glaciologista da Universidade do Alasca Fairbanks e da Universidade de Oslo, na Noruega, também culpou as mudanças climáticas causadas pelo homem pelo desastre.
“Para muitas geleiras pequenas, é tarde demais”, disse Hock. “No entanto, globalmente, nossos resultados mostram claramente que cada grau de temperatura global é importante para manter o máximo de gelo possível preso nas geleiras”.