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Guerra vai se alastrar?

Árabes condenam o terror sionista e defendem palestinos

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Antônio Albuquerque, com Cristina Malyk/Sputniknews - Foto Reprodução das Redes Sociais

Vamos desenhar um quadro com cores nítidas sobre o que está acontecendo entre o Hamas e Israel. O desenho é uma aquarela invertida do êxodo judeu, quando Moisés, obedecendo ao seu deus, confrontou o faraó egípcio e libertou seu povo escravizado. Hoje os judeus escravizam os palestinos. que de egípcios não têm nada. A Palestina, uma peça de ficção no contexto político-geográfico do Oriente Médio, reage e, em nome do seu deus, altera a narrativa apresentada no Velho Testamento. Faz o papel de Davi vestindo um manto verde, preto e branco com um triângulo vermelho na extremidade esquerda, e deixa para Israel, usurpador de terras, o papel de Golias e sua estrela, também vista tatuada no tridente de Lúcifer.

Avesso a agruras, o homem civilizado que acredita no Deus verdadeiro, assiste de longe o eclodir de mais uma guerra, torcendo para que o conflito chegue ao fim com a assinatura de um armistício eterno e a devolução do território palestino tomado pelos judeus. Esse acordo, porém, não pode ser intermediado por russos, americanos, europeus ou chineses, todos conhecidos como senhores da guerra. A missão caberia, então, à Liga Árabe, onde todos falam a mesma língua, mesmo que do alto de uma torre de Babel.

Para o bem da humanidade, o importante é que a guerra pare. Porém, pelo som das explosões dos mísseis disparados de parte a parte, o risco de o confronto expandir-se é elevado.  Senão, vejamos o que dizem os países fronteiriços a Gaza e Israel, e outros que estão geograficamente distantes, sobre o cenário atual:

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, teria conversado com vários ministros das Relações Exteriores de países árabes, pedindo-lhes que condenassem as ações do Hamas. A maioria dessas nações, especialmente as monarquias do Golfo Pérsico, têm estreitos laços políticos e financeiros com os EUA.

Antes do conflito estourar, Blinken e os ministros dos Negócios Estrangeiros do Conselho de Cooperação do Golfo concordaram em reforçar os laços na defesa e segurança. Também reafirmaram o seu “compromisso com a navegação livre e a segurança marítima na região do Golfo”, num movimento contra o que Washington acredita ser uma “ameaça iraniana” na região.

A pergunta que não quer calar é até onde, logo após as conversas com Blinken, os países regionais reagiram aos últimos desenvolvimentos em Israel e na Palestina, e se isso está relacionado com as suas relações com Washington.

Emirados
Os Emirados Árabes Unidos, tidos como servis aos interesses da Casa Branca, tornaram-se o primeiro país árabe a condenar as ações do Hamas. “Os ataques do Hamas contra cidades e aldeias israelenses perto da Faixa de Gaza, incluindo o lançamento de foguetes contra centros populacionais, constituem uma escalada séria e grave. Estamos consternados com relatos de que civis judeus foram raptados das suas casas e feitos reféns. Os civis de ambos os lados devem sempre ter proteção total ao abrigo do direito internacional humanitário e nunca devem ser alvo de conflito. Nosso governo lamenta profundamente a perda de vidas israelenses e palestinas como resultado do surto de violência e apela a ambas as partes para que reduzam a escalada e evitem uma expansão da violência hedionda com consequências trágicas que podem afetar vidas e instalações de seus vizinhos.”

Bahrein
Uma declaração oficial feita pelo Bahrein sublinhou a necessidade de uma desescalada entre palestinos e israelenses. O Ministério das Relações Exteriores do Bahrein está “apoiando o processo de paz e estabelecendo o Estado Palestino de acordo com a solução de dois Estados e outras resoluções de legitimidade internacional. O Reino do Bahrein está acompanhando de perto os desenvolvimentos que ocorrem entre os grupos palestinos e as forças israelenses, levando a um aumento da violência e dos ataques armados que ceifaram a vida de várias pessoas e feriram outras”, observou o Ministério das Relações Exteriores.

Arábia Saudita
O Ministério das Relações Exteriores da Arábia Saudita, por meio de uma declaração oficial no X (antigo Twitter), “pede a suspensão imediata da escalada entre os dois lados, a proteção dos civis e a contenção do conflito”. Para os sauditas, “a privação sofrida pelo povo palestino precisa acabar e seus direitos legítimos resgatados”. O regime de Riad não incluiu qualquer crítica ao ataque ou ao Hamas. Assim, as autoridades sauditas parecem adotar uma posição de esperar para ver no que virá pela frente.

Catar
O Ministério das Relações Exteriores do Catar declarou oficialmente que Israel é “o único responsável pela escalada em curso devido às violações contínuas dos direitos do povo palestino”. Doha também expressou profunda preocupação com os desenvolvimentos na região e apelou à desescalada como o mais rápido possível.

Kuwait
O Kuwait expressou oficialmente a sua “grave preocupação” com os acontecimentos entre Israel e os palestinos, culpando Israel pelo que chamou de “ataques flagrantes”. O seu Ministério dos Negócios Estrangeiros apelou à comunidade internacional, especialmente ao Conselho de Segurança da ONU, “para assumir a responsabilidade e parar a violência em curso, proteger o povo palestino e pôr fim às ações provocativas das autoridades de ocupação dos judeus em terras palestinas”. O Kuwait é um dos países que nega terminantemente qualquer contato com Israel.

Omã
O Ministério das Relações Exteriores de Omã apelou aos palestinos e israelenses para exercerem moderação. Omã também destacou a “necessidade estratégica de encontrar uma solução justa, abrangente e duradoura para a causa palestina com base na solução de dois Estados”.

Iémen
O Ministério das Relações Exteriores do Iêmen culpou oficialmente Israel pela atual escalada. O ministério “pediu a proteção dos civis e o fim das provocações das forças de ocupação israelenses e dos seus repetidos ataques ao povo palestino e aos seus locais sagrados”.

Iraque
O ministro das Relações Exteriores do Iraque, Fuad Hussein, expressou seu total apoio ao povo palestino “para agir contra as ações agressivas do regime sionista” durante uma conversa telefônica com seu homólogo iraniano, Hossein Amirabdollahian. No entanto, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Iraque ainda não emitiu qualquer declaração oficial. Isto pode estar relacionado com laços estreitos com os EUA e o Irã ao mesmo tempo.

Síria
O Ministério das Relações Exteriores da Síria emitiu uma declaração oficial expressando apoio ao povo palestino e às forças “que lutam contra o terrorismo sionista”. Além disso, Damasco descreveu as ações do Hamas como “uma conquista honrosa que prova que a única forma de os palestinos obterem os seus direitos legítimos é a resistência em todas as suas formas”.

Líbano
O Ministério das Relações Exteriores do Líbano não emitiu declarações oficiais sobre o conflito Israel-Hamas. Dito isto, o Hisbolá, que opera no sul do Líbano, perto da fronteira israelense, elogiou o Hamas pela sua “operação heroica” num comunicado. O Hisbolá também assumiu a responsabilidade pelo bombardeio do território israelense durante a escalada.

Jordânia
O rei Abdullah da Jordânia disse que é necessário intensificar os esforços diplomáticos para evitar a escalada da violência entre Israel e Palestina com “repercussões perigosas” para a segurança da região. Ele também pediu “uma ação internacional urgente para evitar uma escalada e prevenir a região das consequências de uma nova rodada de violência”. Por sua vez, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Jordânia, Ayman Safadi, alertou tanto o lado palestiniano como o lado israelita sobre a “volatilidade” da escalada.

Egito
O Egito alertou sobre os “graves perigos” representados pela atual escalada entre a Faixa de Gaza e Israel. “O Egito apela aos atores internacionais envolvidos no apoio aos esforços de retomada do processo de paz para intervirem imediatamente para travar a escalada em curso”, observou o Ministério dos Negócios Estrangeiros egípcio. O Cairo sempre foi um mediador do processo de paz entre Israel e o Hamas, trabalhando com os EUA. Segundo os meios de comunicação, tanto ocidentais como locais, o Egito tentou levar as partes à mesa de negociações, mas não conseguiu.

Irã
O Ministério das Relações Exteriores do Irã condenou veementemente “os ataques do regime sionista usurpador contra alvos civis no sul do Líbano e na Faixa de Gaza”. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Nasser Kanaani, também afirmou que os ataques do Hamas mostraram maior confiança dos palestinos contra Israel. O regime dos aiatolás considera Israel e os EUA como seus próprios inimigos.

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