Com um gol no último lance do jogo, a Arábia Saudita derrotou o Egito por 2 a 1, de virada, nesta segunda-feira, em Volgogrado, na Rússia, e voltou a vencer uma partida de Copa do Mundo após 24 anos. O último triunfo havia sido conquistado no Mundial dos Estados Unidos, em 1994.
O gol da virada que encerrou o longo jejum saudita foi marcado pelo atacante Al-Dawsari, aos 48 minutos da etapa final, e acabou sendo um prêmio para a seleção árabe, que não se entregou após sair atrás no placar. O outro gol saiu dos pés de Al-Faraj, em cobrança de pênalti. A penalidade foi revisada pelo árbitro de vídeo e confirmada pelo juiz, que não quis voltar atrás na decisão mesmo sem mostrar convicção.
O Egito foi melhor no primeiro tempo e deu indícios de que conquistaria sua primeira vitória na história das Copas. Ledo engano. Salah fez um belo gol de cobertura no início da primeira etapa, mas não foi capaz de evitar o revés. Ao menos, o atacante do Liverpool entrou para a história da sua seleção ao passar a ser, ao lado de Abdulrahman Fawzi, o maior artilheiro egípcio em Copas, com dois gols. Fawzi marcou duas vezes na Copa de 1938, a primeira participação egípcia na competição.
Irritado com o uso indevido de sua imagem e também pela presença de celebridades e empresários na concentração da seleção, Salah, de acordo com a emissora CNN, ameaçou não entrar em campo. A Federação Egípcia de Futebol chegou até a divulgar no Twitter uma escalação sem o nome do craque, mas apagou a publicação em seguida.
Mesmo com derrota da sua seleção, a partida foi especial para o goleiro El Hadary, que, aos 45 anos e 161 dias, ultrapassou o ex-goleiro colombiano Faryd Mondragón – este tinha 43 anos quando quebrou o recorde – para se tornar o jogador mais velho a atuar em uma partida de Copa do Mundo.
Justamente pelo fato de já ter decretada a eliminação, o técnico Héctor Cúper decidiu escalar El Hadary nesta segunda, até como uma forma de homenageá-lo. O treinador argentino não se arrependeu de sacar o titular El Shemany, já que o veterano arqueiro não fez apenas figuração em campo. Ele foi o grande nome do Egito ao pegar um pênalti no final do primeiro tempo e fazer outras boas defesas na etapa final.
Sem nada a perder, os dois times jogaram sem tanta preocupação na marcação e em busca de gols para se despedir do torneio com um triunfo. O Egito foi visivelmente superior no primeiro tempo. Teve quatro oportunidades claras de marcar e chegou ao seu gol com Salah. O astro recebeu lançamento de Abdalla e tocou bonito, por cobertura, para abrir o placar aos 21 minutos.
Os gols perdidos – um, inclusive, de Salah, que deu cavadinha para fora na frente do goleiro – fizeram falta aos egípcios, que foram castigados no final da primeira etapa. Aos 38, o juiz deu pênalti após a bola bater no braço de Fathi dentro da área. O jogador mais velho da história das Copas mostrou que não estava em campo apenas pelo recorde e defendeu a cobrança de Al-Muwallad.
Aos 46, o árbitro viu um empurrão de Ali Gabr em Al-Dawsari e marcou novo pênalti a favor dos sauditas. Depois de muita conversa e consultar o árbitro de vídeo, o juiz colombiano Wilmar Roldan confirmou a penalidade muito duvidosa – o atacante parece se jogar no lance. Desta vez, Al-Faraj bateu com precisão e El Hadary nada pôde fazer para evitar o empate.