Notibras

Arruda sobre o Buriti. Não roubei, não desviei, não enriqueci

O  ex-governador José Roberto Arruda (PR) nunca esteve tão tranquilo quanto a sua situação para disputar o Palácio do Buriti. Ele garante que não roubou, não desviou dinheiro público e muito menos enriqueceu ilicitamente. Está, portanto, no páreo.

Em entrevista publicada pelo JBr na edição deste domingo 17, cujos trechos são apresentados a seguir, Arruda lembra que recorreu da impugnação ao TSE e diz estar convicto da vitória. E garante, sem presunção, que não será surpresa se derrotar os adversários já no primeiro turno.

Veja a entrevista:

O senhor acabou de ter sua candidatura impugnada pelo TRE-DF, mas já recorreu ao TSE. Existe um plano B caso a impugnação seja mantida?

Eu considero que a decisão foi mais política que jurídica.  Primeiro, porque a lei é clara: as condições de elegibilidade são aferidas na data de registro (da candidatura) e todos os casos no TSE tiveram esse desfecho. Há, portanto, uma jurisprudência consolidada. Em segundo lugar, porque a decisão que me condenou por improbidade  não atende às condições da (Lei da) Ficha Limpa, porque não fui condenado pelo Artigo 10, que fala de casos de corrupção, desvio de dinheiro público e enriquecimento ilícito. Portanto, esta improbidade não me tiraria do pleito. Já recorremos ao TSE e tenho convicção de que a candidatura será confirmada.

Independentemente de questões jurídicas, o senhor é  ficha limpa?

Eu não tenho a menor dúvida de que sou ficha limpa. Fizeram uma  cilada. Nós temos um site, o www.golpede2009.com.br, que tem todos os documentos e explicações, que demonstram que os meus adversários usaram tudo aquilo para me tirar das eleições.

O senhor chamou a Lei da Ficha Limpa, de “leizinha”. O senhor acredita mesmo nisso?

Isso foi uma interpretação maldosa dos meus adversários, como é comum acontecer nos debates.  O que eu disse é que não se deve buscar alternativas fora das leis. As leis devem ser cumpridas, inclusive a da Ficha Limpa, que tem o  meu respeito. Eu a cumpri. Eu não estou querendo ser nomeado para cargo público. Quero competir, me submeter ao julgamento mais severo, que é o julgamento das urnas.

Quais as são as suas propostas para o transporte público, em especial para o metrô do DF?

Eu participei do metrô desde o projeto de origem. O primeiro trecho de 32 quilômetros,  nós construímos quando fui secretário de Obras no  governo  Roriz. E o segundo trecho, como governador. Eu defendo que o metrô é o único sistema de transporte civilizado, que estrutura o crescimento da cidade. No meu governo, não terá greve de metrô, porque se fizerem a greve em um dia, eu privatizo no outro.

O senhor pretende continuar o BRT Sul ou fazer o BRT Norte?

Primeiro, fazer o BRT Norte. O BRT Sul foi mal construído. Só quem anda de ônibus sente isso todo dia. Nós teremos que reequacionar todo o sistema, colocando mais ônibus e empresas para concorrer nas linhas que estão mal operadas e, mais: fazer novas linhas.

O projeto da EPTG apresentou vários problemas, depois. Ele foi modificado?

O projeto não foi terminado. As primeiras obras que quero fazer é concluir o que foi interrompido.  Outra obra é o VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos). Eu deixei assinado, com dinheiro no banco do governo francês. Agora, a mais importante obra para o trânsito, que deixei pronta e não souberam licitar, é a Interbairros. Nós temos uma linha de transmissão de Furnas, que sai de Samambaia e vai até a Epia.

Não foram as denúncias no chamado “Caso Alstom” que pararam as obras do VLT?

Se eu fosse governador, não parava. Se havia qualquer dúvida, que se investigue, mas não pare a obra, que vinha de graça para o Brasil.

Como o senhor pretende fazer uma reforma administrativa?

Será drástica. Pretendo cortar as secretarias pela metade, para que  o governo reduza o seu papel àquelas missões  fundamentais: segurança pública, cultura, educação, saúde, obras, transporte, meio-ambiente, ação social. O resto deixa de existir.

O senhor já havia dito que não voltaria a se candidatar. Por que mudou de ideia?

Sob a ótica do meu conforto, não vale a pena.  Mas  fui percebendo que eu não era a única vítima do processo. Não tenho como fugir à minha responsabilidade de liderança, que a vida me deu. Eu não volto por mim, mas  por todos os  que acreditaram no meu projeto.

O que o senhor fará em prol dos policiais e bombeiros?

Eu desejo, depois da eleição e antes da posse, discutir com os praças um novo plano de carreira e que não traga apenas aumento de salário, mas que corrija distorções.

Que atitudes que o senhor tomaria em um eventual governo diferentes da gestão anterior?

Terei que ter  mais cuidado na escolha das pessoas para trabalhar comigo e  governar com aqueles que me ajudaram a ganhar a eleição. Eu não quero perder minha vontade de fazer as coisas, de atropelar, se necessário, para que as obras saiam, mas terei que ter uma assessoria jurídica mais presente, mais cuidadosa, para evitar as ciladas do poder.

A escolha do vice na sua chapa foi problemática – Liliane Roriz e Eliana Pedrosa declinaram e, por fim, Jofran Frejat foi escolhido. Isso atrapalhou a campanha?

Acredito muito no ditado que diz que “Deus escreve certo por linhas tortas”. Eliana e Liliane são dois grandes nomes e eu teria muito orgulho se pudesse contar com uma ou com outra. Mas eu percebo que não haveria escolha melhor, já que o Frejat tem uma enorme credibilidade. Ele é que vai me ajudar a resgatar a saúde pública, sem médico cubano, sem carreta, sem mágicas.

O senhor pretende convocar os excedentes do último concurso da Polícia Civil?

O quadro da Polícia Civil está defasado. Eu desejo trazer os excedentes para que a Polícia Civil volte a ser a melhor do Brasil.

Que candidato o senhor vai apoiar, caso não seja candidato?

Não tenho plano B. Estou na disputa, com absoluta convicção da legitimidade da minha candidatura. Confio em Deus e  na Justiça.

A sua história com o governador Roriz sempre foi conturbada. Como está essa relação hoje?

Nós tivemos encontros e desencontros. Houve momentos em que estávamos separados e que os conflitos excederam. Da minha parte, eu esqueci tudo isso. E o que percebo é que da parte do Roriz, também. Um dia, ele me chamou e disse que apoiaria minha candidatura e eu fico muito feliz com esse apoio.

Na disputa pela Presidência da República, em qual palanque o senhor sobe?

Eu, pessoalmente, voto em Aécio Neves. O palanque é meu aqui e está aberto. Para quem quiser subir, eu dou até a mão.

O senhor pretende endurecer com os servidores públicos?

Nos meus três anos de governo, não teve greve. Eu endureci, mas sem perder a ternura. Eu pretendo ter diálogo, fazer acordos e cumprir. Eu prometo pouco, mas o que eu prometer, eu vou cumpri. Governo tem que ter comando. Governador não pode ser frouxo.

O senhor disse que pretende extinguir a Agefis, é verdade?

Vou sim. A ideia da Agefis era unificar todas as carreiras de fiscalização e fazer um trabalho mais técnico, mas a Agefis, virou um monstro. E o que está fazendo é um desastre, foi para o exagero. E esse tipo de coisa  trava a economia, quando começa a perseguir o setor produtivo e os empresários.

Brasília deixa de arrecadar impostos por causa das péssimas condições dos postos. O senhor pretende mudar isso?

Vamos corrigir sim e vamos prestigiar os homens da Receita.

Como o senhor tem visto a discussão do PPCUB e da LUOS?

O bom senso manda que a gente rediscuta com a sociedade, para ter condições de aprovar uma coisa que  atenda ao interesse público.

O que o senhor propõe para agilizar a emissão de alvarás?

No dia da posse, eu publico um edital de concurso para engenheiros e arquitetos das administrações regionais. É preciso preparar melhor os quadros, para que o prazo de emissão para qualquer tipo de alvará seja de 30 dias.

Como será sua relação com a Câmara Legislativa?

Uma relação muito clara,  transparente. É uma relação difícil, mas vamos conseguir ter uma relação republicana, de modo que as conversas do governador com os deputados possam passar na televisão.

Qual será o primeiro ato do governo Arruda?

O primeiro é terminar com  a Agefis. Mas também pretendo reduzir as secretarias de 40 para, no máximo, 20; reduzir os cargos comissionados de 40 mil para 10 mil; iniciar as obras em regiões carentes; enviar ao Congresso o  plano de carreira dos militares e da Polícia Civil; reestruturar a gestão hospitalar. O próximo governador de Brasília  terá de tomar medidas  duras para enxugar a máquina, segurar as despesas e ter dinheiro para investir.

Como o senhor pretende resolver o problema do crack no DF?

Primeiro, com a polícia na rua e resgatar programas para tratar o viciado e combater o tráfico.

Depois da decisão do TRE, o senhor disse que pretende ganhar no primeiro turno. Como?

Nós já estamos ganhando o jogo  de uns três a um. Se, aos 42 minutos do segundo tempo, tem um pênalti a meu favor e eu fizer o gol, eu decido a partida, sem prorrogação. Esses que estão trabalhando nos bastidores para me fazer o mal podem, eventualmente, me fazer o bem.

Sair da versão mobile