“Eu trabalho com miniaturas em escala, geralmente faço peças para colecionadores ou quadrinhos decorativos com mini ambientes. Há mais de 20 anos que desenvolvo esse trabalho. Mas durante muito tempo o carro chefe das minhas produções foram as bijuterias e acessórios com miniaturas de comidinhas.”
É assim que Sarah Wero, uma das maiores artesãs do Distrito Federal, inicia a história da sua vida e do seu trabalho, que teve, inclusive, algumas raízes plantadas no Japão, mais precisamente em Tóquio, onde fez cursos de peças em miniatura.
Tudo começou no curso de Artes Visuais na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes. A época ela não diz. Afinal, isso pode revelar a idade de uma dama, coisa que mulher, por mais feminista que seja, preserva para manter seu lado feminino.
Embora tenha uma ampla clientela, de repente veio a pandemia do novo coronavírus que assustou todo mundo. Ma, mesmo antes da chegada do vírus, Sarah já entendia a importância e a necessidade da internet para o cada vez mais crescente comércio virtual.hoje.
Ela conta que participava eventualmente de feiras, tinha seus trabalhos expostos e comercializados em uma loja colaborativa no Lago Norte e havia acabado de colocar seus produtos em outra loja no shopping Pátio Brasil. E foi como alguns sonhos vieram abaixo, em meados de março, com o governo decretando o fechamento do comércio.
Nas lojas físicas Sarah Wero vendia peças prontas de miniaturas. Na loja online, também vende uma marca de produtos que ela representa em Brasília. Mas, como sua visão de mercado é ampla, a artesã também comercializa outros produtos dentro da área do artesanato, além de prestar consultorias – sempre no campo virtual – para outros artesãos ou iniciantes nessa arte. “Os cursos, porém, deram uma pausa. Pararam como parou tudo com a Covid. Até porque, como achar materiais para produzir peças em tempos de isolamento social?”, explica.
Mas, como artista que gosta de compartilhar seu trabalho, mesmo que mantendo alguns segredos só para ela, a artesã resolveu oferecer um curso online e gratuito em vídeos, por meio do Instagram. “Eu tinha uma reserva de caixa e quis dar uma contribuição social para meus seguidores cumprirem o isolamento social em casa, em segurança, e de uma forma mais alegre e criativa”, afirma.
Para ajudar nesse período em que a Covid falava mais alto, Sarah conta que inovou e formatou um modelo de curso simples utilizando materiais recicláveis e que geralmente as pessoas têm em casa. Assim ninguém teria que sair às ruas ou gastar dinheiro para fazer o curso. A ideia, segundo ela, teve uma ótima aceitação e acabou fazendo mais sucesso que podia imaginar. “Era pra ter encerrado em abril, mas estendi as aulas por mais uma semana. O acesso vai continuar gratuito até o risco do contágio comunitário passar. Depois disso, o material deve virar um curso pago”.
Sarah Wero admite que a pandemia trouxe várias mudanças. “Em abril fiquei isenta dos custos das lojas colaborativas, já que elas não podiam funcionar, mas perdi vendas. A loja do shopping teve que fechar as portas. O volume das vendas online aumentou um pouco, mas o tempo de espera nas filas dos Correios aumentou demais. Um dia cheguei a ficar quase 2 horas na fila para postar uma encomenda”, revela.
Mas maio chegou e, com o novo mês, novas ideias. “Decidi encerrar temporariamente a loja online. O lucro dos produtos físicos é pequeno e não compensa o risco de contágio nas filas dos Correios. E as vendas continuarão só até o dia 15. Depois disso irei manter somente consultorias e cursos, com a próxima turma marcada para junho”, acentua. E conclui dizendo que no mundo digital as decisões têm que ser rápidas e sempre comunicadas ao público assim que são tomadas. E como o curso gratuito está fazendo sucesso, Sarah Wero espera vender bem o próximo, uma vez que, sublinha, com um sorriso no rosto, captado nesta entrevista feita no modelo de teleconferência, “também preciso continuar pagando minhas contas.”
Serviço
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