Eleito em 2018 pelo PSL, o presidente Jair Bolsonaro não demorou muito para deixar a legenda. Três anos depois, o ex-capitão, após o fracasso do Aliança Brasil, busca um novo partido para chamar de seu.
Uma alternativa já foi descartada, o PTB de Roberto Jefferson que, durante a semana, lamentou o abandono do presidente e disse que tanto Bolsonaro quanto um dos seus filhos, o senador Flávio, estão viciados em dinheiro público.
Em vez de insistir no convite ao presidente, Jefferson agora quer contar com Hamilton Mourão entre os integrantes da sigla que comanda.
A Bolsonaro, como opções, restam o PL de Valdemar Costa Neto, que abriu as portas do partido para o clã e aos fieis seguidores e o PP do seu ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e de Arthur Lira, que preside a Câmara.
Embora as decisões lógicas não sejam o forte do bolsonarismo, tudo indica que o destino presidencial seja o PP. O caminho mais provável se explica também pelo poder acumulado por Lira e Nogueira, que ditam o ritmo do governo.
A necessidade de um programa social para fazer Bolsonaro ter uma marca na eleição de 2022 teria sido diagnosticada pelo chefe da Casa Civil e deve ser executada pelo presidente da Câmara.
Nesse jogo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, só entrou para justificar o possível estouro do teto de gastos, o que consolidará de vez a escolha do presidente pelo Centrão.
As consequências já aparecem. Nesta semana, o BC elevou a taxa Selic em 1,5% após um áudio vazado revelar que o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, recebeu ligações de Lira e do presidente do Banco Central, Campos Neto, para discutir juros.
Para o que importa, Bolsonaro se tornou coadjuvante no próprio governo. Seu papel fica restrito a animar a legião de apoiadores que devem garantí-lo no segundo turno da disputa contra Lula, como as pesquisas apontam.
Quem de fato manda é o Centrão do orçamento secreto, do tratoraço e das emendas do relator que garantem a não abertura do processo de impeachment.
São os aliados do bloco que também buscam uma saída honrosa em caso de derrota de Bolsonaro no ano que vem. A ideia é criar o cargo de senador vitalício, ocupado por ex-presidentes, com o objetivo de garantir imunidade parlamentar ao ex-capitão.
Pelo discurso da oposição, o presidente vai precisar.