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Artistas que subiram antes estão cantando ‘Sílvio Santos vem aí…”

O sábado chegou arrastando-se preguiçoso, como qualquer outro dia de descanso. Mas algo no ar indicava que o 17 de agosto de 2024 não seria comum. As nuvens, antes brancas e fofas, se condensaram em um cinza que não era apenas meteorológico. O país perdeu um personagem que, até então, parecia imortal: Silvio Santos, o dono do SBT, o “Homem do Baú,” o senhor do sorriso largo e das notas de 100 reais esvoaçantes, partiu aos 93 anos.

O Brasil parou pouco depois das 10 horas da manhã. Os aplausos que ecoavam nos programas de auditório, até então ensaiados à exaustão, silenciaram de forma irreversível. O domingo, que sempre fora sinônimo de entretenimento e prêmios, vai chegar vestido de luto. Não haverá mais a tradicional vinheta de abertura com aquele jingle que tanto marcou gerações, anunciando o “Programa Silvio Santos”. As notas de dinheiro, que voavam nos auditórios, agora parecem se dissolver no ar, como folhas secas levadas pelo vento.

A televisão brasileira, órfã de seu maior showman, já reflete o impacto. As novelas mexicanas, os programas de auditório, até os comerciais parecem menos vibrantes, como se o brilho da TV tivesse se apagado junto com ele. Os colegas de emissora, os concorrentes e até quem um dia foi alvo de suas brincadeiras, todos reconhecem: não era apenas um homem que havia partido, mas um pedaço fundamental da cultura popular brasileira.

As ruas de São Paulo, que tantas vezes viram Silvio Santos desfilar em seus carros de luxo, começam a ser tomadas por uma multidão que se despedirá em lágrimas. Não é só um empresário que se vai, mas o sonho personificado de que qualquer um pode alcançar o estrelato com carisma, trabalho duro e um toque de sorte.

Os domingos nunca mais serão os mesmos. A ausência de Silvio Santos no SBT é uma ferida aberta na rotina do brasileiro, que, por décadas, encontrou em seu programa uma certeza em meio ao caos da vida cotidiana. Silvio, que tanto brincou com a ideia de que “a vida é uma festa,” agora deixa o palco, e o Brasil, seu público fiel, aplaude pela última vez, não de pé, mas com os olhos marejados e o coração apertado.

O sábado sombrio virou domingo de luto. E, de repente, o dinheiro, que tanto circulou pelas mãos do apresentador, perdeu o brilho, pois, sem Silvio Santos, o domingo perdeu sua cor, e o Brasil, sua alegria. Quem foi antes dele, já está cantando lá em cima: “Sílvio Santos vem aí, lá rá lá rá lá rá…”

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