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Fascistas desidratados

Associar atentado ao STF a suicídio é o mesmo que comer maionese estragada

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Autor/Imagem:
Arimathéia Martins - Foto de Arquivo

Há quem diga se tratar de absurda a tentativa de transferir para o ex-presidente Jair Bolsonaro a culpa pelos atentados de 8 de janeiro de 2023 e da última quarta-feira (13), ambos comprovadamente executados por extremistas de direita e ambos, não por acaso, mirando instituições da República. Considerando que ele não participou de forma direta dos lamentáveis episódios, tem razão quem tenta passar panos quentes na cabecinha pura dos arremedos de terroristas surgidos no Brasil após a disseminação do ódio pelas “colunas” bolsonaristas.

Todavia, não há como negar que, de modo indireto, o denominado mito e seu staff do ódio estão atolados até o pescoço em todos e quaisquer eventos que busquem minar a democracia brasileira. Tenho os dois pés atrás com relação ao extremismo da esquerda. A diferença é que o da direita manda matar, mata e, quando não mata, se mata. Aliás, querer banalizar o atentando tentando justificá-lo como suicídio, além de pura mediocridade, é ignorância achar que toda burrice é unânime. É demais para alguém com um mínimo de inteligência imaginar que um sujeito que pensa em se encontrar com o capeta investirá R$ 1,500 em fogos dias antes de partir.

Pior é achar que um suicida vai planejar e articular por dois ou três meses a execução de sua morte. Idiotice maior é supor que, depois de meses combinando sua passagem com o demo, o “patriota”, esquecendo seus brios de soldado da pátria, escolheria um dia chuvoso e um lugar escuro para dar cabo da própria vida. Defender essa tese é o mesmo que viajar na maionese estragada. Talvez eu esteja exagerando. Quem sabe o morto não está festejando até agora o tumulto que causou à noite de Brasília e do Brasil. Se eu estiver certo, ele escolheu bem. Afinal, não é para qualquer um morrer em frente à sede do órgão máximo do Judiciário, depois de um encontro frustrado com o xerifão do Poder.

Seria coisa de profissional não fosse o fascismo brasileiro um movimento que, como o peru, anda em círculo, faz muito barulho, cisca para trás e normalmente morre de véspera, às vezes bem antes do Natal. De qualquer maneira, os subservientes do mito e tarados pelo golpismo estão entre nós. Embora desidratados pela crescente pequenez do líder, esses seres de quinta categoria são capazes de se fantasiar de familiares, de amigos, de parceiros e até de montarias. O que eles não admitem é a contrariedade. O risco de morte começa quando ele percebe que a gente pensa diferente ou que um superior mandou prendê-los por algum malfeito grave.

A exemplo dos traficantes, estupradores, feminicidas e assassinos sanguinários, pessoas que matam em nome da ideologia não merecem ocupar o mesmo espaço dos cidadãos de bem. Portanto, o inferno ou a cadeia de segurança de segurança paras elas, sejam de direita, de esquerda, de centro ou de coisa alguma. Brasília, o Brasil e o mundo não foram feitos para os desprovidos de humanidade, tampouco para aqueles que vivem da insanidade alheia. Depois de 21 anos de ditadura e mais quatro de desassossego, o país precisa de um pouco de paz. A democracia permite que uma eleição seja disputada por qualquer brasileiro em dia com suas obrigações cívicas, incluindo os conscritos.

A mesma democracia pressupõe que o eleitor é consciente e capaz de escolher quem dignifica e não se utiliza de mediocridade no comando da nação. Ao mesmo tempo, o sistema democrático visa a garantir representantes capazes de fortalecer as instituições e de se insurgir contra eventuais atos antidemocráticos. Quer queiramos ou não, é que está sendo feito pelas autoridades de hoje. Gostemos ou não da forma como pensam e agem, é inquestionável que o poder central não se intimida com o desespero da organização terrorista que há pelo menos dois anos tenta se apoderar do país. A lei tem de ser severa para todos, independentemente de que sejam civis, militares, políticos, empresários, agronegociadores, ex-presidentes da República ou supostos suicidas. Sem medo do que pensem, mas o que posso dizer é muito simbólico: menos um.

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