O Telescópio Espacial James Webb (JWST) da Nasa descobriu um planeta distante que pode estar totalmente coberto por água. O astro foi encontrado durante uma busca para identificar exoplanetas habitáveis, uma vez que os instrumentos avançados d Webb permitem realizar análises detalhadas de atmosferas com moléculas essenciais para a sustentação da vida.
Através das observações encontrou-se vapor de água e sinais de metano e dióxido de carbono na atmosfera do exoplaneta, denominado TOI-270d. Com base nas descobertas, os astrônomos acreditam que esta mistura química é consistente com um mundo aquático no qual um “oceano” quente e fervente cobriria toda a superfície.
“O oceano pode estar acima dos 100 graus Celsius”, disse o professor de Astrofísica e Ciência Exoplanetária Nikku Madhusudhan, do Instituto de Astronomia da Universidade de Cambridge. Ele acrescentou que um oceano tão quente ainda poderia ser líquido devido à alta pressão atmosférica, mas não está claro se o planeta seria habitável ou não.
A ausência de amoníaco é outra razão pela qual os cientistas acreditam que o seu exoplaneta pode ter um oceano na sua superfície, embora deva ocorrer naturalmente numa atmosfera rica em hidrogénio, com base em princípios químicos.
Madhusudhan acrescentou que TOI-270d poderia ser um planeta Hycean, um tipo particular de exoplaneta que contém atmosferas ricas em hidrogênio e sustenta grandes oceanos líquidos. Antigamente, pensava-se que os Hycean poderiam sustentar vida, embora um estudo recente sugira que pode não ser o caso, uma vez que estes planetas sofreriam um catastrófico efeito estufa descontrolado e poderiam limitar o seu potencial para acolher vida.
TOI-270d também é lambido pelas marés, o que significa que um lado está voltado para sua estrela – que é uma anã vermelha – e o outro lado é banhado por escuridão eterna, criando uma diferença extrema de temperatura. O planeta também teria uma atmosfera com dezenas ou centenas de vezes a pressão da superfície da Terra.
“O oceano seria extremamente quente durante o dia. O lado noturno poderia potencialmente hospedar condições habitáveis”, disse Madhusudhan. “Precisamos ser extremamente cuidadosos sobre como comunicamos as descobertas sobre esse tipo de objeto”, acrescentou. “É fácil para o público perceber que já estamos encontrando vida.”
Os astrônomos também detectaram dissulfureto de carbono, que tem sido associado a processos biológicos na Terra, embora possa ser produzido de outras formas.
“Não podemos vincular [o dissulfeto de carbono] à atividade biológica”, disse Madhusudhan. “Em uma atmosfera rica em hidrogênio, é relativamente fácil fazê-lo. Mas se formos capazes de medir esta molécula única, é promissor que seremos capazes de medir planetas habitáveis no futuro”.