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Astrônomos estudam o eclipse da Lua

O eclipse parcial da Lua movimentou a Praça dos Três Poderes. Desde as 17h, quando estava previsto o início do fenômeno, astrônomos do Clube de Astronomia de Brasília (CAsB) se preparavam montando seus equipamentos. O fenômeno, que ocorreu no dia do aniversário de 50 anos da chegada do homem ao satélite natural da Terra, levou astrônomos, entusiastas da astronomia e curiosos para observar a projeção da sombra da Terra na Lua.

O eclipse lunar parcial pode ser visto de todas as regiões do Brasil. O evento começou na capital pouco depois das 18h, atingindo ápice de visibilidade por volta das 18h30. astrônomos e entusiastas da astronomia faziam fila para observar o fenômeno nos diversos equipamentos disponibilizados.

Uma dessas pessoas foi o analista de sistemas, Rafael Quintino, 35 anos, que aproveitou as férias escolares para levar a família para ver o eclipse. “Poder acompanhar um eclipse com telescópios e com pessoas que conhecem astronomia leva as pessoas a aumentar mais o interesse pela ciência”, disse. “Também serve para parar com essa história de que a terra é plana, levando as pessoas a acreditar mais na ciência e menos em teorias sem fundamento”, acrescentou.

Quintino levou a filha, a estudante Maria Eduarda Quintino, de 14 anos, para vero eclipse. Foi a primeira vez que Maria Eduarda pode acompanhar esse tipo de fenômeno por um telescópio. “Nunca tinha visto um eclipse antes no telescópio. Gosto muito desses fenômenos, são bem interessantes da gente estudar”, disse Maria Eduarda, para quem a astronomia é mais um passatempo.”No meu caso, gosto como hobby, não sei se me aprofundaria para entender mais de astronomia e estudar coisas como buracos negros”, acrescentou.

Um dos equipamentos mais disputados foi o telescópio do engenheiro aposentado, Delfino Lima, 74 anos, que construiu o próprio equipamento. De acordo com Delfino, o telescópio foi montado durante um congresso nacional de astronomia, em Brasília, há cerca de três anos. Na ocasião, um astrônomo ministrou uma oficina de confecção de telescópios. À Agência Brasil, Delfino disse que o equipamento pode ser construído por qualquer pessoa que tenha conhecimentos básicos de ótica.

“Desde que você tenha as peças corretas, a orientação de como montar qualquer pessoa pode fazer. Mas é preciso de um pouquinho de conhecimento de ótica para fazer as conexões todas, mas o resultado é sensacional”, disse.

Também integrante do CAsB, o engenheiro, disse que esse tipo de evento, em locais com mais luminosidade, como a Praça dos Três Poderes, serve para aproximar mais as pessoas do conhecimento científico a respeito dos astros. “Aqui a gente faz mais a divulgação da astronomia. A área aqui é boa, porque é um tanto escura e dá pra ver bem o eclipse, embora a poluição luminosa atrapalhe um pouco”, disse. “Acho que o governo daqui deveria incentivar mais as pessoas a observar esses fenômenos. O céu daqui é maravilhoso para ver esses eclipses”, acrescentou.

Eclipses lunares ocorrem quando a Lua passa diretamente atrás da Terra. Nessas ocasiões, há uma espécie de alinhamento entre o Sol, a Terra e a Lua. O que vemos é a sombra da terra, que bloqueia a luz solar, sendo projetada na Lua. O fenômeno é o “oposto” do eclipse solar, quando quem fica escondido é o sol. Nessa ocasião, é a Lua quem projeta a sua sombra no astro rei.

De acordo com o astrônomo Adriano Leonez, que desde 2008 desenvolve projetos sobre observação do céu, a observação de efemérides, como são conhecidos fenômenos como eclipses lunares, solares, chuvas de meteoros e conjunções astronômicas, ocorre ao longo do ano em Brasília. “Todo ano, desde o início, a gente já fica de olho nesse tipo de efemérides, eventos astronômicos que vão acontecer ao longo do ano”, disse.

De acordo com o astrônomo, um exemplo da importância dos eclipses lunares é o fato de que eles são usados para o estudo da atmosfera da terra. “Você consegue estudar a atmosfera da Terra pela luz avermelhada que é refletida pela lua. Este eclipse, em particular, começou com a lua minguando e depois a gente vai ver lua crescendo de novo até a sua fase cheia”, afirmou.

Leonez disse esperar que as pessoas aprendam mais sobre a astronomia e conheçam mais um pouco dos fundamentos da ciência. “Por exemplo: o eclipse lunar é uma das provas de que a Terra não é plana. O fato de a gente ver que a projeção da sombra da Terra na lua, uma sombra curva, é uma evidência de que a terra é esférica. Então, nesses eventos, a gente mostra que se a Terra fosse plana, a gente veria um risco, não um disco encobrindo a lua”, disse. “Eventos dessa natureza ajuda a gente explicar para o público em geral que esses conceitos podem ser aprendidos de uma forma simples e lúdica”, afirmou.

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