Seu nome, por extenso, já é um verdadeiro jardim florido. Tem flores abençoadas pelo Espírito Santo. Trata-se de Maria Lúcia, que fecha com Meireles, minha entrevistada de hoje. É de Luziânia, no Entorno do Distrito Federal. Viveu a adolescência em Brasília até que retornou à terrinha natal. Para ela, escrever é terapia. Pars seus leitores, momentos de lazer, de brilho nos olhos, de ver a vida sob nova ótica.
Curiosa, aprendeu a escrever sozinha, lendo a Bíblia. Mas foi na Escola Classe 106 Sul, na capital da República, que viu despertar o interesse pela literatura. Quer conhecer um poouco mais sobre ela? Leia a entrevista a seguir:
Fale um pouco sobre você, seu nome (se quiser, pode falar apenas o artístico), onde nasceu, onde mora, sobre sua trajetória como escritor.
Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles, nasci em Luziânia/GO, passei minha infância e adolescência em Brasília, mas aos 18 anos voltei a morar em Luziânia, onde estou até hoje. Eu não tenho uma trajetória de escritora definida. Tenho alguns contos escritos, mas por pura terapia, quando queria. Nunca fui uma “escritora”, brinco com as pessoas que sou “escrevinhadora”, que é uma pessoa que escreve quando bem entende, até deixando passar várias inspirações, por na hora não ter como escrever.
Como a escrita surgiu na sua vida?
Sempre fui muito curiosa, aprendi a ler, praticamente sozinha, lendo a Bíblia. No início, decorava os Salmos que meu pai lia e depois fui juntando as palavras e um dia meu pai percebeu que eu estava lendo sem decorar. A escrita desenvolveu-se na escola em que fiz meus primeiros anos escolares, o chamado Primário à época, a Escola Classe 106 Sul, em Brasília. Todos os anos, tinha concurso de composição, que depois mudou o nome para redação. Sou do tempo que redação se chamava composição. (gargalhadas). Todos os anos tinha o concurso no final do ano. Ganhei todos que participei. Era interessante que os colegas diziam que não iam participar, que não adiantava, pois quem ganhava era a Maria Lúcia. Sempre comunicativa, para não dizer língua colorida, dizia: “Façam uma composição melhor que a minha e alguém ganha de mim. Naturalmente, estou ganhando todos os anos porque a minha é a melhor.” Ainda era desaforada (mais gargalhadas).
De onde vem a inspiração para a construção dos seus textos?
No nada. De repente, pego uma caneta e começo a escrever, sem nem pensar. Aliás, nunca pensei em escrever, veio naturalmente. Tudo que vou escrever sempre foi assim. Hoje, tem inúmeros recursos na Internet, mas, antes, as pessoas me pediam pra escrever mensagens pra alguém, felicitando por algum momento, até texto pra lápide de túmulo, já me pediram pra escrever. (inúmeras gargalhadas)
Como a sua formação ou sua história de vida interferem no seu processo de escrita?
A formação foi muito importante, pois desenvolvi mais a rapidez na escrita, mas da minha história é raríssimo escrever. Gosto mais de contar histórias alheias.
Quais são os seus livros favoritos?
Aí, você me pegou, pois todos os livros são favoritos. Na adolescência li quase todos os autores da Literatura Brasileira e, se é livro, tenho vontade de ler. Sou bem eclética, leio de tudo, mas tenho verdadeira queda por romances, sejam de escritores brasileiros ou estrangeiros.
Quais são seus autores favoritos?
O meu favorito é o Eduardo Martínez, pois o acompanho há muitos anos, porém, os autores que não conheço, vou mais pela obra. Se eu gostar da obra, gosto do autor.
O que é mais importante no seu processo de escrita? A inspiração ou a concentração? Precisa esperar pela inspiração chegar ou a escrita é um hábito constante?
A inspiração, que me aparece sem eu menos esperar. Como disse, várias coisas somem da minha mente por eu não ter um instrumento de escrita na hora. Já perdi inúmeras inspirações por isso. A escrita não é um hábito constante, por não ser minha principal atividade.
Qual é o tema mais presente nos seus escritos? E por que você escolheu esse assunto?
Romance. Todos os meus contos escritos são romances. Eu gosto muito de história românticas, talvez por ser uma romântica nata. Romantizo TUDO.
Para você, qual é o objetivo da literatura?
Crescimento. Ninguém lê um texto, por mais simples que seja, e permanece o mesmo, sempre cresce em algum sentido, mesmo que seja um mínimo detalhe.
Você está trabalhando em algum projeto neste momento?
Não. Tenho um projeto pelo meio, há uns dez anos e ainda não terminei. Como sempre, um romance.
Quais livros formaram quem você é hoje? O José Seabra sempre cita Camilo Castelo Branco como seu escritor predileto, o Daniel Marchi tem fascinação pelo Augusto Frederico Schmidt, e o Eduardo Martínez aponta Machado de Assis como a sua maior referência literária. Você também deve ter as suas preferências. Quem são? E há algum ou alguns escritores e poetas contemporâneos que você queira citar?
Como já disse, sou eclética, então, não me apego muito ao autor e sim no texto, mas não posso negar que Machado de Assis, Aluísio Azevedo, João Ubaldo Ribeiro, João Guimarães Rosa e muitos dessa linha, com certeza, me influenciaram, mas sempre costumo dizer que sou a pessoa mais sem gosto do mundo. Por quê? Quem gosta de tudo é uma pessoa sem gosto e eu sou uma dessas. Se eu gostei do enredo, o autor é de menos, não me apego ao nome e sim à obra.
Como é ser escritor hoje em dia?
Deve ser muito difícil. Digo, “deve”, porque não sou escritora, mas creio que os escritores têm muita dificuldade, aqui no Brasil, pois o nosso país, infelizmente, não é um país de leitores. Depois da facilidade da tecnologia, ficou muito pior, pois assistir a vídeo é muito mais fácil que pegar um livro físico para ler.
Qual a sua avalição sobre o Café Literário, a nova editoria do Notibras?
É uma forma gostosa de se ler.
Tem alguma coisa que eu não perguntei e você gostaria de falar?
Só tenho a agradecer e dar as boas-vindas ao Café Literário e que tenha vida longa como o Notibras. Desejo aos idealizadores que não tenham dificuldades de ir em frente e que sempre tenham colaboradores e muitos, mas muitos leitores. Obrigada.