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Atmosfera policialesca quer dar o tom na guerra pelo Buriti

Caixa (de Pandora) de Durval volta a produzir frutos maquiavélicos. Foto/Arquivo Notibras

A briga para saber quem vai disputar um eminente segundo turno com a líder nas pesquisas Eliana Pedrosa (Pros), está ressuscitando velhos personagens que um dia tentaram politizar a polícia civil do Distrito Federal. E o cenário político cria cores em uma atmosfera cada vez mais policialesca.

Criam factoides, como se os integrantes das forças de segurança não fossem cidadãos livres para votarem e serem votados. Do seu retiro, um delegado que já comandou agentes e ocupou a tribuna da Câmara Legislativa, adverte: as Polícias são, acima de tudo, corporações que devem obediência exclusiva ao Estado e ao cidadão. Não são facções políticas que servem a governos de ocasião.

O desabafo vem a propósito do jogo bruto que tomou forma na recuperação de um inquérito policial que descansava na burocracia para atingir pessoas ligadas ao governador Rodrigo Rollemberg (PSB) e ao deputado distrital Rodrigo Delmasso (Podemos). No rol dos investigados, além de um defunto, despontam nomes como o de Marcello Nóbrega, homem de confiança da primeira-dama Márcia Rollembnerg; Hermano Carvalho, ex-secretário de Desenvolvimento Econômico no governo Agnelo Queiroz; Luiz Fernando Messina; e, ainda, Carlos Augusto, irmão do governador.

Essa operação específica parece que foi uma novela de um único episódio. A população, passados 30 dias de sua divulgação nos veículos de imprensa, não conhece o desdobramento das investigações. Segundo comentários de figuras importantes da própria Policia Civil – que comungam a opinião da fonte acima citada -, a burocracia foi invocada novamente, após a crise dentro da corporação, com direito a barata voar no principal gabinete policial e a “quase” exoneração do chefe Eric Seba.

Sem, no mínimo, as esperadas cenas do próximo capítulo, jornalistas independentes mais corajosos alertaram para uma reação pública com engendramento de operações policiais que atingiriam outros candidatos ao Buriti, ou pessoas próximas buritizáveis, numa tentativa de equilibrar o jogo bruto.

Quem sofreu a primeira rebordosa foi o deputado federal e candidato Aberto Fraga (DEM). Na última quinta-feira uma operação foi deflagrada pela Polícia Civil para apurar supostas irregularidades em empresas ligadas a um assessor do coronel (reformado) da PM.

Nos bastidores da política e da polícia ganha força a tese de que o ex-diretor geral da polícia civil e deputado federal Laerte Bessa (PR) tem sido instigado por um colega delegado a romper relações com Alberto Fraga, em razão de uma prometida ajuda política que Fraga supostamente daria a Bessa, especialmente na Polícia Militar. Np fundo, esse acirramento de ânimos objetiva embolar a corrida eleitoral para o GDF.

É sabido que o também candidato ao Buriti, Rogério Rosso (PSD), mantém profundos laços de amizade com o policial aposentado Durval Barbosa, pivô da Operação Caixa de Pandora que abateu José Roberto Arruda e sua trupe. A relação de Rosso com Barbosa, se analisada de forma isolada, de nada serve, a não ser para os dois. No entanto, ao ampliar o olhar sob os fatos, é possível estabelecer uma conexão que pode desnudar um suposto uso político de parte polícia civil em favor de interesses da candidatura de Rogério Rosso.

O deputado Laerte Bessa goza, com todo merecimento, de prestígio junto à corporação da qual já foi diretor-geral. É descabido não acreditar que Bessa e Durval conversem de política, além de assuntos comuns a ex-colegas aposentados, como também é descabido achar que Barbosa não gostaria de ver seu dileto amigo Rogério Rosso chegar ao segundo turno.

A depender das pesquisas de opinião, Rosso precisa conquistar votos suficientes para ultrapassar Fraga e Rollemberg. Mas, apesar do jeito de galã e a fala mansa, o deputado tem patinado nas pesquisas. Certamente a população aguarda maiores explicações sobre o seu governo-tampão, antes de lhe dar um voto de confiança. E é lançando suspeita sobre os demais candidatos ao Buriti que estão à sua frente na preferência do eleitorado, que Rosso pretende embolar o jogo.

Nesse contexto de suposições, não seria inapropriado concluir que:

a) O governador Rollemberg continua sem saber o que acontece na Polícia Civil;
b) O deputado Laerte Bessa engoliu uma corda comprida de Durval;
c) Durval Barbosa está mais ativo do que nunca;
d) Rosso topa qualquer parada para chegar ao segundo turno.

Por fim, só resta saber quem matou Odete Roitman?

P.S.: Resposta: Foi a Leila, mas não a do vôlei.

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