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Atolado em ações, Renan deixa Temer e volta olhar para Lula

Vera Rosa

A Operação Lava Jato e a disputa de 2018 empurraram o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), para o inédito posto de aliado com discurso de oposição. Réu no Supremo Tribunal Federal (STF) acusado por peculato e alvo de outros 11 inquéritos, Renan é candidato a um novo mandato e se movimenta cada vez mais para se descolar do governo de Michel Temer, aproximando-se do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Com essa história de criminalizar todo mundo, o Lula vai fazer um passeio em 2018”, afirmou o ex-presidente do Senado, em conversa com amigos. Quis dizer com isso que, se o petista não virar “ficha suja” pela Lava Jato, não haverá páreo para ele. “A Lava Jato tem a responsabilidade de mostrar quem é culpado e quem é inocente. Será que teremos de fazer uma nova lei de financiamento e contratar uma cartomante para ver se ela valerá daqui a dez anos?”, provocou Renan.

Além de se sentir “desprestigiado” pelo governo – que, na sua avaliação, faz afagos a seus rivais, como o ministro dos Transportes, Maurício Quintella (PR-AL), e o senador Benedito de Lira (PP-AL) -, Renan tem a impopularidade de Temer como termômetro para seus movimentos políticos. Ele prevê uma eleição difícil em Alagoas, onde o governador Renan Filho também é candidato ao segundo mandato. É nesse cenário que se encaixa sua “rebeldia”.

O líder do PMDB vai iniciar nesta semana uma articulação para que Temer vete o projeto de terceirização, aprovado na quarta-feira pela Câmara. “Se houver sanção presidencial, haverá precarização, jornadas ampliadas, salários reduzidos, mais acidentes de trabalho, menos emprego e menor arrecadação”, escreveu ele no sábado, em sua página no Facebook.

Autor do projeto que endurece a lei do abuso de autoridade, prevendo a punição de procuradores e juízes, Renan atirou, nos últimos dias, na direção do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, sob o argumento de que há “muita improvisação” no governo. Referia-se à ideia da equipe econômica de aumentar impostos para evitar que o corte de despesas no Orçamento seja muito alto, mas aproveitou a deixa para alvejar novamente a reforma da Previdência.

Ao ser lembrado pela reportagem de que a proposta em tramitação na Câmara pode ser um “bode na sala”, uma vez que mudanças importantes já começam a ser feitas, Renan não pestanejou. “Se o que está lá é para negociar, então o governo não pode pôr o PMDB para defender isso”, respondeu ele. “Fazer a reforma que o mercado quer é um erro de estratégia. O PMDB não pode ser coveiro de trabalhador nem de aposentado.”

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