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Aumento de ônibus pode tirar Rollemberg do Buriti

Bartô Granja

Não se sabe ao certo, na atual conjuntura, quais os compromissos do governador Rodrigo Rollemberg com os empresários que atuam na área do transporte coletivo de Brasília. A única certeza é a de que ele não está ao lado do povo. E, pior, se decidir bater de frente com a Câmara, numa eventual decisão do Legislativo de suspender o reajuste das tarifas, estará assinando a sentença do próprio impeachment.

O clima entre os dois Poderes é tenso. Isso ficou caracterizado em reunião na noite desta segunda, 2, no Palácio do Buriti. Mal a conversa começou, Rollemberg foi categórico. As passagens vão permanecer caras (houve casos em que o passageiro passou a pagar 5 reais, quando antes desembolsava apenas 4). O governador mostrou-se irredutível e não ouviu os apelos para que recuasse.

Três deputados presentes à reunião, que não desejavam ouvir conversa fiada, decidiram ir embora. Welligton Luiz (vice-presidnte da Câmara), Raimundo Ribeiro (3º Secretario) e Wasny de Roure (líder do PT), rejeitaram o ti-ti-ti e foram embora. No Palácio ficaram, com Rollemberg, o presidente Joe Valle e seus colegas Júlio César e Chico Leite.

Para se ter ideia do clima de tensão, Raimundo Ribeiro partiu para cima de Rollemberg. O deputado elevou o tom afirmando que, ao contrário do que o governador havia dito para a imprensa, “que entorpece com a verba publicitária”, a Câmara colaborou com o governo quando apontou no relatório da CPI dos Transportes, sugestões que, “além da melhorar a qualidade do transporte público imprestável que você proporciona, trariam aos cofres, recursos para o transporte. Você (Rollemberg) não acatou as sugestões apontadas. Agora quer jogar na Câmara uma responsabilidade que é sua; se tivesse no mínimo seguido as sugestões apontadas no relatório, teríamos hoje uma redução no preço das passagens, não aumento”. Rollemberg, nesse momento, baixou a cabeça, desviou o olhar e Raimundo Ribeiro, dando as costas, deixou a reunião.

Se Brasília vai assistir ao primeiro confronto do ano entre Executivo e Legislativo isso se tornará público nesta quarta, 4, data prometida por Joe Valle para convocar a Câmara extraordinariamente e aprovar um Decreto Legislativo revogando o reajuste das tarifas. O decreto precisa ser aprovado por 13 dos 24 deputados.

Mas o governo pode recorrer ao Poder Judiciário. E em época de recesso, um juiz, por ato monocrático, pode fazer valer a vontade de Rollemberg. Restará ao povo aceitar. Ou ir para as ruas. E a Câmara, supostamente desmoralizada, pode tomar uma decisão drástica e aprovar o impeachment do governador.

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