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Lenda eterna

Ayrton Senna vive em nossa memória 30 anos depois da sua morte

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Autor/Imagem:
Armando Cardoso* - Foto Fernando Frazão/ABr

Nunca fui e não sou amante fiel do automobilismo. O pouco que sei aprendi com o teacher Valdir de Camargo. Razões do meu desapego, a natureza do esporte e, hoje, a força de um ou dois carros não me falam ao coração de torcedor robusto e atento pelo esporte bretão, o meu, o seu, o nosso futebol. Associada à competência de alguns, a incompetência de muitos acabou com o que, nos anos 80 e início dos 90, ainda me prendia em frente à TV: a rivalidade existente entre os pilotos da época. Um dos maiores de todos os tempos, Ayrton Senna da Silva completa hoje, Dia do Trabalhador, 30 anos de sua partida.

No dia 1º de maio de 1994 foi a última vez que me permiti ouvir o Tema da Vitória, composto pelo maestro Eduardo Souto Neto exclusivamente nas vitórias de Senna. Eu estava de plantão em uma das muitas redações por onde passei, quando chegou a informação via agências internacionais. Foi difícil acreditar, mas editei e publiquei a matéria consciente de que, como brasileiro varonil, Ayrton Senna do Brasil ensinou muita gente a trilhar metas de vida com muita determinação e amor. As suadas e complicadas vitórias contra Alain Prost, Damon Hill, Nigel Mansell e Michael Schumacher marcaram sua carreira. Para alguns invejosos, pobres de espírito e medíocres como cidadão, Senna foi apenas mais um. Não é o que o mundo e o Brasil pensam.

Fosse vivo, Beco, apelido restrito à família, já não seria o melhor dos deuses das pistas. Todavia, inquestionavelmente foi o mais idolatrado, reverenciado, reconhecido e respeitado de todos. A eterna busca do piloto por sua melhor versão motiva ainda hoje até mesmo aqueles que transformaram a inveja no pior dos sentimentos pelo companheiro (nunca amigo) de pistas. Tudo porque Ayrton também foi tricampeão mundial e igualmente condecorado como um dos maiores ídolos do esporte e do automobilismo. O invejoso queria ter sido o único. Não foi e jamais será uma lenda como é Ayrton. Tão marcante que só Senna ouviu de Schumacher a seguinte frase: “…Um dia eu quero ser igual a você”.

Inspirado por Juan Manuel Fangio, Jim Clark e Gilles Villeneuve, pai de Jacques Villeneuve, Senna se divertia dirigindo sempre no limite. Perfeccionista, irritantemente tranquilo, exigente ao extremo, mas simpático, feliz, patriota e nada rabugento, Ayrton fez amigos mesmo entre os ferrenhos adversários. É o caso de Alain Prost, para quem Senna era “alguém especial”. Ele inspirou e é ídolo de Lewis Hamilton, o maior campeão da história da categoria. Quer título mais importante para um esporte que, a 300 km por hora, se renova a cada segundo? Imaginem 30 anos. Pois Senna continua vivo. Morreu em um dos acidentes mais tristes da história da Fórmula 1, mas sua morte acabou sendo responsável por uma revolução na segurança da F1.

Exposto ao risco desde os quatro anos, quando engatinhou no kart, Senna partiu precocemente aos 34 anos e não realizou um de seus maiores sonhos: correr pela Ferrari. O outro sonho também não realizado era conhecer a Disney. Entretanto, além dos três campeonatos mundiais, conquistou 41 vitórias e 65 poles positions. Foi um exemplo de coragem, determinação e motivação. Para ele, não havia obstáculos. Sua música preferida era a sinfonia dos motores, dos quais era um maestro sem batuta, mas com mãos e dedos poderosos.

A vida de Ayrton acabou poucas horas depois de sofrer um acidente com sua Williams na curva Tamburello, no circuito italiano de Ímola, na sétima volta do Grande Prêmio de San Marino. No entanto, a história de Senna faz parte do inconsciente coletivo de qualquer cidadão brasileiro ou italiano com mais de 30 anos. A imagem do piloto é parte da paisagem e da memória do povo de Ímola, onde foi erguida uma estátua em sua homenagem. Por aqui, mesmo aqueles que nunca o viram pilotando, é impossível ouvir seu nome e não perguntar quem foi Ayrton Senna do Brasil. Antes que alguém pergunte de novo, eu respondo: O maior e mais completo piloto de Fórmula 1 que já vi correr.

*Armando Cardoso é presidente do Conselho Editorial de Notibras

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