Azarões crescem e ameaçam ficar com os títulos dos grandes
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emAtlético-MG , Coritiba e Bahia. Três times acostumados a decidir títulos em seus estados e, frequentemente, levar o troféu. Hoje, porém, quem está mais perto de ser campeão em Minas Gerais, no Paraná e na Bahia não é nenhum deles: as grandes surpresas deste início de temporada no futebol brasileiro são Caldense, Operário e Vitória da Conquista, que largaram em vantagem nos jogos de idas das finais, e podem no próximo domingo derrubar os favoritos para fazer história. Conheça os segredos de cada um dos “azarões” que podem terminar o Estadual comemorando o título.
Com a surpreendente melhor campanha da primeira fase do Campeonato Mineiro , a Caldense está apenas a um empate diante do Atlético-MG para se sagrar campeã – no primeiro jogo da decisão, os times não saíram do 0 a 0. E o sucesso do time de Poços de Caldas se baseia principalmente em uma defesa forte: é o time menos vazado do torneio, com apenas quatro gols sofridos em 14 jogos. Para isso, não apenas os zagueiros trabalham. Toda a equipe se ajuda muito sem a bola, e o entrosamento para cumprir bem essa função é fundamental.
Entrosamento que existe graças a um planejamento que começou no fim do ano passado, quando a diretoria reuniu novamente a base da equipe de 2014. Se no ano passado o time não passou de oitavo, a continuidade nesta temporada mostrou que rendeu bons frutos. Foi dado tempo para que o jovem técnico Leonardo Condé – 37 anos e sem passado como jogador – trabalhasse a equipe na pré-temporada, com vários jogadores que ele já conhecia. Com uma equipe experiente no futebol mineiro, que inclui o atacante Luiz Eduardo, um dos artilheiros da competição, a Caldense conseguiu fazer bonito contra os favoritos.
Uma vitória por 2 a 0 em Ponta Grossa na primeira partida da final contra o Coritiba colocou o “Fantasma” muito perto do título paranaense. E vencer em casa se tornou rotina para o Operário neste Campeonato Paranaense : a única vez em que o time não saiu com três pontos de seus domínios foi em um jogo contra o Paraná Clube na primeira fase. Nas quartas de final, porém, os tricolores foram despachados com um 3 a 0. No Estádio Germano Kruger, o Operário conta com a força de sua torcida, que recentemente dobrou no número de associados.
O planejamento também se estende para que os salários sejam pagos sempre em dia: por trás da direção, existe um grupo de empresários, trazidos pelo presidente do clube, Laurival Pontarollo, que começou a ajudar neste ano. Quarenta pessoas contribuem com R$ 2 mil todo mês e mantêm o clube funcionando. E mesmo com uma folha salarial modesta, a equipe tem valores individuais: o destaque é o meia Ruy, que começou a carreira justamente na base do Coritiba, mas não conseguiu se firmar entre os profissionais no time alviverde.
Poderia haver forma melhor de estrear em uma decisão de Campeonato Baiano ? Com apenas 10 anos de fundação, o Vitória da Conquista aplicou 3 a 0 no Bahia no jogo de ida da final e ficou praticamente com uma mão na taça. O título coroaria uma campanha excepcional no Estadual: foi a melhor equipe da primeira fase na classificação geral, com 14 pontos, à frente dos tradicionais Bahia e Vitória. E a receita para surpreender os favoritos conta com vários jogadores experientes – alguns nomes são o goleiro Viáfara (ex-Vitória), o volante Paulo Almeida e o meia André “Belezinha” (ambos ex-Santos).
A folha salarial é modesta, estimada em cerca de R$ 150 mil, mas a oportunidade de ganhar o primeiro título de elite da história do clube é uma motivação extra para os jogadores – em 2006, o Vitória da Conquista levou a segunda divisão do Baiano. Pode não ser o Vitória “tradicional” em uma decisão contra o Bahia, mas a atuação de gala nos 3 a 0 da primeira final deixa poucas dúvidas de que é um candidato justíssimo ao título.