A proximidade do fim do primeiro semestre do governo Lula ainda não foi suficiente para que se completasse a missão maior, ao menos na minha opinião, de distensionar o clima divisionista que marcou os quatro anos do governo anterior.
É até possível sentir um melhor odor exalando das relações interpessoais no ecossistema político-social brasileiro. No entanto, ainda tem muito espaço para melhorar.
É assombrosa a permanência da disseminação de fake news, a exemplo da recente inundação de um vídeo em que supostamente o presidente Lula havia sido xingado e vaiado numa fábrica de automóveis na cidade pernambucana de Goiana.
Por certo obra e obrada de algum voluntarioso idiota. Afinal era o bastante distribuir o vídeo da passagem do Lula na Bahia Farm Show, que por sinal é um evento tradicional no calendário nacional. Pronto, estava resolvida a missão de acirrar os ânimos nas redes sociais entre bolsonaristas e lulistas.
Pois bem, é triste, para não dizer cópula vulgar, ainda constatar que não basta divulgar um fato. O que diabos acontece para surgir comichão incontrolável nos fundos de certos imbecis, que alimentar a necessidade de mentir ao invés de se contentar com a verdade?
Enfim, não bastassem as tolices cometidas por anônimos, algumas figuras de renome nacional continuam a cometer uma verborragia pública, comparável, no pior sentido, ao que poderiam ter dito Adolf Hitler, Benito Mussolini, Hugo Chavez, Kim Jong-Um e outros ditadores e nazifascistas que vez por outra vêm assolar o mundo.
Nesse rol dos infernos dos que produzem e produziram uma divisão odiosa entre iguais, vale incluir o governador de Minas Gerais, Romeu Zema e o ministro da Casa Civil e ex-governador da Bahia por dois mandatos, Rui Costa.
O primeiro, declarou recentemente que os estados brasileiros que compõem as regiões sul e sudeste são os únicos capazes de fazer o Brasil dar certo. Até porque, segundo Zema, por terem mais “pessoas trabalhando do que vivendo de auxílio emergencial”.
Já Rui Costa virou sua metralhadora contra a Capital Federal, O ministro, em síntese, destilou sua ignorância a tal ponto para dizer que seria melhor que Brasília jamais tivesse existido.
Lamentável, sair da boca de um homem, que recebeu por duas vezes a confiança do povo baiano para governar aquele estado maravilhosamente plural, palavras de ódio contra a capital de todos os brasileiros, cuja população tem raízes genéticas em todas as regiões do país.
Não há como entender que o ministro não se referiu a mim, a você, nossos descendentes e nossos filhos e netos que tiveram e têm a sorte de passar a vida aqui nesse cerrado no centro do país e profetizado por Dom Bosco como uma “terra que mana leite e mel”.
Sinto-me ofendido pelo ministro, pelo governador e por todos aqueles que pela mentira ou pela retórica de ódio e medo, tentam arrebanhar seguidores que se deixam influenciar por discursos radicais. Infelizmente, nesse país se observa o destempero nos lados extremos do que se teima em chamar de direita e esquerda.
E isto sim, é fato.
*Jornalista pernambucano e brasiliense de coração