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Inflação nas rédeas

Banco Central acena com uma queda mais acentuada dos juros

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Daniel Weterman

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse que há chance de o ritmo de flexibilização da política monetária ser mantido na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em setembro. Em entrevista à RedeTV! que foi ar na madrugada desta terça-feira, 8, Ilan afirmou ainda que quanto mais robusta for a reforma da Previdência, mais fácil será manter o ritmo de flexibilização.

“Se as condições se mantiverem, tanto de inflação, atividade, balanço de riscos, a expectativa das pessoas, se tudo se mantiver de acordo como está hoje, há uma chance de manter o ritmo. Estou falando da próxima reunião de setembro. Claro que nada está garantido, nem na próxima, vai depender das condições da economia”, disse Ilan à jornalista Amanda Klein, do programa É Notícia.

Na última reunião do Copom, em 26 de julho, o Banco Central decidiu cortar a taxa básica (Selic) de 10,25% ao ano para 9,25% ao ano. A leitura da ata da reunião deu a entender ao mercado financeiro que o ritmo de corte de um ponto porcentual pode ser mantido na próxima reunião.

Para o presidente do BC, as condições econômicas do País, apesar da incerteza política, estão no mesmo patamar do período pré-delação da JBS, que teve impacto no governo do presidente Michel Temer (PMDB) e gerou denúncia de corrupção passiva da Procuradoria-Geral da República contra o peemedebista. “Se tiver mais incerteza, isso pode influenciar a economia brasileira, mas a nossa visão mais recente é que, apesar da incerteza ter afetado de alguma forma índices de confiança, nós não vemos, pelo menos até o momento, impacto da trajetória de atividade, impacto na inflação”, declarou Ilan. “Parece que por enquanto a economia está andando no caminho que estava antes (da delação) ”

Previdência. Comentado a possibilidade de o governo ceder ainda mais na reforma da Previdência para aprovar o texto no Congresso Nacional, Ilan afirmou que, quanto mais robusto for o ajuste nas contas previdenciárias, melhor será a resposta da política monetária. “Talvez nossa capacidade de flexibilizar a política monetária possa depender um pouco do quanto que a gente aprova.”

O presidente do BC disse não acreditar em “extremos”, quando perguntado sobre a chance de somente a exigência de idade mínima passar na proposta de reforma. “Quanto mais robusta [a reforma], melhor a reação. Agora eu não acho que vai ter nenhum extremo, nem de um lado nem de outro. Mas acho que, à medida que você aprova, mais confiança tem, mais recursos tem na economia, maior a recuperação, a taxa de juros estrutural da economia consegue cair mais rápido e isso é bom para todo mundo”, afirmou.

Ritmo do corte – Questionado do porquê do Banco Central não acelerar o ritmo de corte dos juros básicos, Ilan declarou que “obviamente, precisamos avançar mais”, mas que é preciso ter condições que possibilitem a aceleração do corte. Para isso, ele pontuou que é necessário aprovar a reforma da Previdência e citou a medida provisória que cria a Taxa de Longo Prazo (TLP) e a que trata de registros de bens dados em garantia em operações financeiras.

“A sociedade sempre quer avançar mais rápido, mas vamos fazer o dever de casa para chegar lá”, declarou Ilan. Ele destacou que a taxa de juros real da economia (descontada a inflação), hoje calculada em 3,5%, é uma das mais baixas da história. “Estamos caminhando, mas nós precisamos entender que, para caminhar mais ainda, precisamos fazer o dever de casa. Não adianta não fazer o dever de casa e ficar ansioso com a nota.”

Ilan evitou fazer comentários sobre o que espera do cenário político em 2018, mas destacou que, projetando um crescimento de 0,5% em 2017 e de 2% ou “talvez até um pouco mais” em 2018, o próximo governo vai assumir o País em uma condição melhor do que Temer quando assumiu. “Independente dos partidos, de quem for, acho que isso vai ser positivo para todo mundo. Ajuda qualquer governo em 2019, que vai receber uma economia melhor do que a gente recebeu.”

Ele destacou que não tem pretensão de se candidatar a nenhuma eleição. “O meu projeto é o projeto técnico, econômico, que já é difícil por si só.”

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