Eduardo Rodrigues, Adriana Fernandes e Fernando Nakagawa
O Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado na manhã desta quinta-feira, 30, pelo Banco Central (BC), reduziu para 0,5% a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2017. No relatório anterior, a projeção era de alta de 0,8%. A projeção é a mesma que foi usada pela equipe econômica para elaborar o corte do Orçamento de 2017, anunciado nesta quarta-feira, 29.
Segundo o BC, a revisão do PIB para baixo está associada, fundamentalmente, à incorporação dos resultados do quarto trimestre de 2016, que resultaram em redução adicional do chamado “carregamento estatístico” para 2017.
Entre as componentes do PIB para o próximo ano, o BC projeta queda de 0,1% do setor industrial, expansão de 6,4% no setor agrícola e alta de apenas 0,1% para o segmento de serviços. Antes, as previsões eram de alta 0,6% para a indústria, de 4,0% para a agropecuária e de 0,4% para serviços.
No lado da demanda, o BC estima que o consumo das famílias vá acumular aumento de 0,5% em 2017, ante elevação de 0,4% projetada antes. O consumo do governo terá expansão de 0,2%, ante previsão anterior de 0,5% do relatório anterior.
O documento divulgado nesta quinta indica ainda que a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – indicador que mede o volume de investimento na economia – deverá ter queda de 0,3% em 2017. No Relatório de dezembro, a expectativa era de alta de 0,3%. Essa queda reflete a piora no cenário esperado para construção civil e para absorção de bens de capital.
IPCA – O Relatório Trimestral de Inflação mudou a previsão para a inflação em 2017 em um cenário com Selic e câmbio constantes – anteriormente chamado pela autoridade monetária de “cenário de referência”. Nesse cenário, a projeção central para o IPCA passou de 3,8%, na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), para 3,9%.
Já para 2018, o Banco Central prevê que o IPCA ficará em 4,0% e não mais em 3,3% como constava na mais recente ata do Copom pelo cenário de juros e câmbio constantes no horizonte de previsão. Nos cálculos, foram considerados uma Selic de 12,25% ao ano e um dólar a R$ 3,10. O documento tem data de corte em 22 de março.
O Banco Central abandonou o uso dos termos “cenário de referência” e “cenário de mercado” no RTI agora divulgado. Ainda assim, o relatório continua trazendo essas projeções, com outras denominações e apresentadas em outra ordem, ao lado de outros dois cenários híbridos. O documento ainda classifica o antigo cenário de referência – com juros e câmbio constantes – como “menos informativo”.
Cenário de mercado – O Banco Central reduziu as projeções para a inflação deste ano em um cenário com câmbio e juros evoluindo conforme as medianas da Pesquisa Focus, antigamente denominado “cenário de mercado”. Segundo o RTI, esse cenário projeta um IPCA de 4,0% em 2017.
Na mais recente ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada em 2 de março, o cenário indicava inflação de 4,2% neste ano.
No relatório de inflação de dezembro, o BC esperava alta da inflação oficial de 4,7% no cenário de que utiliza como parâmetros as previsões dos analistas.
Para 2018, o cenário com juros e câmbio da Focus indica uma previsão de IPCA de 4,5%, mesmo patamar estimado na última ata do Copom.
O documento classifica o antigo cenário de mercado – com juros e câmbio da Focus – como “mais informativo no contexto de flexibilização da política monetária”.