Ivan Richard
Com a economia em recessão, os bancos estão investindo na tecnologia e na redução das taxas de juros para tentar seduzir os consumidores que querem comprar veículos novos e seminovos.
Impactada pela crise econômica, a venda de carros zero quilômetro em 2016 teve queda superior a 20% na comparação com o ano anterior, pior resultado desde dez anos. Já nas vendas de carros seminovos o resultado não foi negativo e acumulou ligeiro incremento de 0,21% na comparação com 2015.
Na tentativa de reverter esse cenário, esta semana o Banco do Brasil anunciou redução na taxa de juros para o financiamento automotivo para os clientes que fizerem a contratação por meio do aplicativo do banco para celulares. Outra mudança é que os financiamentos para compra de veículos leves com até dois anos de fabricação terão as mesmas taxas praticadas para financiamento de veículos novos.
A expectativa do banco estatal é atingir R$ 1 bilhão nesse tipo de empréstimo até o final do ano. “A gente espera a ampliação do crédito por meio da conveniência que o aplicativo proporciona”, disse o diretor de Empréstimos, Financiamentos e Crédito Imobiliário do BB, Edson Pascoal Cardozo.
“Na nossa visão e os estudos que fizemos, [o aplicativo] ajuda muito porque o cliente tem mais segurança da decisão de compra. Aquele cliente que sai para pesquisar carro e, eventualmente, pensa em financiar, tem na plataforma e com poucos toques a informação de um crédito pré-aprovado para usar”, acrescentou.
Segundo o Cardozo, pelo aplicativo, o cliente pode fazer a simulação da quantidade de meses do financiamento e do valor da parcela, por exemplo. “Antes, ele teria que sentar com um agente financeiro e demoraria mais. Em 80% dos casos a resposta já sai na hora. Ele concluiu a proposta e a área responsável já faz o pagamento ao vendedor”, disse.
O Banco Santander também aposta na tecnologia e na praticidade para ampliar o volume de empréstimos para o setor. “A gente trabalhou bastante em relação à experiência do cliente no ponto de venda e chegou a conclusão que poderia usar as ferramentas digitais para melhorar a experiência de compra”, disse o diretor de financiamentos, André Novaes.
No caso do Santander, são as concessionárias e revendas cadastradas que usam a ferramenta. “Se o cliente quer um carro de R$ 30 mil, por exemplo, com pouquíssimos dados fornecidos já é possível fazer uma pré-análise do crédito dele. É possível dar a resposta preenchendo poucos campos. Antes, essa experiência dependida do preenchimento de 106 dados do cliente. Agora, com oito já é possível fazer uma pré-análise”, explicou Novaes.
“É um processo bastante simplificado: o vendedor colhe os documentos do cliente de forma digital”, acrescentou. Segundo o diretor do Santander, antes da compra os consumidores têm muitas dúvidas em relação à disponibilidade ou não de crédito e o uso do aplicativo torna isso mais claro.
“Ele não perde tempo no ponto de venda e o vendedor também não perde tempo. É um diálogo direto com o cliente para ele saber como está o potencial dele para realizar o seu sonho. Antes, o processo era muito burocrático e, de alguma forma, inibia o cliente no momento da compra”, argumentou.
Para o presidente da Associação das Agências de Automóveis do Distrito Federal, Paulo Poli, desburocratizar a liberação do crédito facilita as vendas e é bom para o cliente, para as instituições financeiras e para os revendedores.
“É a modernidade chegando. São novos meios de facilitar a vida de quem está comprando carro e, automaticamente, isso facilita a nossa venda”, destacou Poli. “Tudo que vem para agilizar, tornar o processo mais fácil, mais leve se torna mais um item a mais para a venda.”