Crédito rotativo
Bancos querem 90 dias para ajustar lei dos cartões
Publicado
emAline Bronzati
Os bancos terão 90 dias para se adaptarem ao novo formato do crédito rotativo, quando o cliente atrasa ou não quita a fatura do cartão de crédito, com prazo final em março, de acordo com o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), Marcelo Noronha. “Os bancos emissores já estão correndo para fazer adaptações necessárias antes mesmo da normatização que deve ser publicada pelo Banco Central”, informou ele, em teleconferência com a imprensa, na tarde desta quinta-feira, 22.
A própria Abecs, de acordo com Noronha, aprovou na quarta-feira, em reunião extraordinária uma recomendação para que suas associadas ofereçam o parcelamento da fatura para seus clientes. Acrescentou ainda que os bancos mais perdem do que ganham com a mudança no rotativo no curto prazo, mas que a modalidade vai dar uma nova dinâmica entre receitas e perdas, reduzindo, consequentemente, a inadimplência.
De acordo com Noronha, as empresas associadas à Abecs não devem quebrar por conta da redução das taxas e limitação de prazo no rotativo. “A redução de taxas se dá por razões técnicas. Na hora que eu aumento o prazo médio da carteira e a de capacidade de pagamento usando o rotativo eu reduzo o comprometimento do consumidor para patamares muito menores”, destacou o presidente da Abecs.
Ele afirmou ainda que a inadimplência vai ocorrer, mas que não é possível quantificar essa redução. Explicou ainda que as condições de prazo e taxas devem ficar a critério de cada banco. Atualmente, o parcelamento da fatura, conforme Noronha, é feito em até 24 meses e com taxas bem menores do que as cobradas no rotativo, de apenas um dígito.
O presidente da Abecs disse ainda que a redução do prazo para pagamento ao lojista continua em discussão a despeito das mudanças anunciadas para o crédito rotativo. “Vamos continuar discutindo com o Banco Central a redução do prazo ao lojista, a estrutura do mercado de cartões e o apoiando como temos feito. A discussão de redução de prazo ao lojista tem de ser técnica e estruturada”, destacou ele.
Noronha não citou um prazo específico para o qual poderia convergir o tempo de pagamento ao lojista, mas ressaltou que alguns segmentos e empresas já contam com um período menor para recebimento. “A discussão continua e vai haver não só por atitude do próprio regulador. Não é de hoje que a redução do prazo está sendo discutida e também é uma demanda do próprio setor”, esclareceu.
Ele afirmou que as taxas cobradas no novo rotativo devem cair pela metade uma vez que os juros do parcelamento da fatura são menores, de um dígito. Sobre o fato de ainda assim as taxas permanecerem elevadas, Noronha disse que o risco e a inadimplência no Brasil, mais elevados do que em outros países, pesam no patamar, mas que a tendência, com a queda da Selic, é de convergência dos juros cobrados no cartão. “Estamos dando passos importantes em relação ao futuro”, ressaltou Noronha, acrescentando que a política de juros ficará a critério de cada banco.