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Bancos suíços seguem delações daqui e repetem gesto lá

Jamil Chade e Beatruz Bulla

As novas delações premiadas negociadas entre a Operação Lava Jato e executivos da Odebrecht têm levado bancos suíços a fazer uma nova onda de denúncias sobre movimentações bancárias suspeitas ao Escritório de Combate à Lavagem de Dinheiro (MROS), departamento ligado à Polícia Federal do país.

Há duas semanas, uma missão de procuradores e especialistas suíços esteve em Curitiba para contatos com procuradores brasileiros. Na agenda, estavam investigações sobre a Odebrecht e suas ligações no exterior. Um dos trabalhos tem sido o de identificar quem teria recebido propina da construtora e cruzar investigações dos dois lados.

Os suíços suspeitam que parte do dinheiro financiou campanhas eleitorais. A expectativa é de que as novas delações possam indicar como isso ocorreu e se há partidos beneficiados.

Em um e-mail enviado à reportagem, o MP em Berna confirmou o encontro, mas não deu detalhes sobre a conversa. Oficialmente, o objetivo seria o de “coordenar suas ações mútuas dentro do marco dos processos criminais em andamento”.

Se em 2014 o caso foi lançado contra ex-diretores da Petrobrás, hoje é a Odebrecht que está no centro dos processos na Suíça. Foram as novas delações premiadas de executivos no Brasil que levaram os bancos a proliferar alertas sobre suspeitas de lavagem de dinheiro, em uma iniciativa tomada por causa da publicação de novos nomes envolvidos no esquema de corrupção no País.

Pelas regras da Suíça, bancos têm a obrigação de identificar e comunicar às autoridades suspeitas em relação a clientes. Esse foi o caso do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que foi denunciado ao MROS por seu próprio banco.

Muitas instituições, porém, apenas tomam a iniciativa depois que o nome do cliente é citado na imprensa ou em acordos de delação premiada. Segundo disse uma fonte que acompanha o caso em Genebra, os bancos estão “em pânico” com o número de suspeitas que estão surgindo.

Uma primeira onda de comunicados de bancos às autoridades já tinha ocorrido em meados de 2015, dias depois da prisão de Marcelo Odebrecht. Cerca de um ano depois, aproximadamente mil contas já estavam bloqueadas pelo MP da Suíça, com cerca de US$ 800 milhões e em 42 bancos diferentes.

Há cerca de 15 dias, advogados de executivos ligados à Odebrecht mantiveram encontros com advogados suíços depois de saber que houve interesse por parte das autoridades do país europeu no que está sendo dito nas delações. Um dos casos é o do executivo da Odebrecht Marcio Faria, que tem cidadania suíça.

Procurado pela reportagem, o Ministério Público suíço disse que não pode dar detalhes sobre as notificações feitas pelos bancos. O MROS também se recusou a dar detalhes. Autoridades suíças, porém, confirmam que têm a intenção de voltar a repassar ao Brasil documentos que possam auxiliar nas investigações, depois que a Justiça do país europeu autorizou a transferência de documentos sobre as movimentações realizadas pela Odebrecht.

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