Pelo menos 10 homens armados de fuzis, pistolas e granadas, ligados à facção criminosa Comando Vermelho (CV) no Complexo do Caramujo, em Niterói, tentaram roubar na tarde desta quarta-feira um carro forte. Seis suspeitos morreram durante troca de tiros entre bandidos e agentes da Coordenadoria Recursos Especiais da Polícia Civil (Core), que conseguiram impedir o ataque junto com agentes da Delegacia de Roubos e Furtos (DEF), que investigavam o bando.
O bando investiu contra o veículo que transportava valores na Praça do Largo da Batalha, na Região de Pendotiba. Surpreendidos pela polícia, que tinha agentes dentro do carro-forte e já havia cercado a área, os criminosos reagiram com rajadas de metralhadora e o lançamento de granadas. Houve perseguição que se estendeu da Avenida Francisco da Cruz Nunes até a Estrada do Sapê.
Os corpos dos suspeitos (não identificados oficialmente pela policia até o fechamento desta matéria) ficaram espalhados por ruas da localidade. Um deles, previamente identificado por policiais militares do 12º BPM (Niterói) pelo apelido de Branquinho, estaria segundo a polícia envolvido no assassinato de sargento PM Joilson da Silva Gomes, de 40 anos.
Segundo a polícia, um vídeo que estava no celular de um homem preso recentemente mostra Branquinho e comparsas exibindo armas pesadas ostentando armas e carros de luxo. Um oficial PM disse que a maioria dos mortos são do Complexo do Caramujo. Um morava no Novo México.
Feridos no tiroteio, dois suspeitos foram socorridos pelos policiais e encaminhados para Hospital Estadual Azevedo Lima (Heal), no Fonseca. Um menor de idade que teria participado do ataque foi apreendido.
Moradores do Sapê disseram que por mais de 30 minutos foram ouvidos disparos de arma de fogo e explosões de granada. Muitas pensavam até que fossem fogos juninos. Na Avenida Francisco da Cruz Nunes, acesso pela Estrada do Sapé, e serve de prolongamento até o Largo da Batalha, os corpos dos mortos ficaram espalhados, com marcas de tiros de grosso calibre. Policiais da Core, responsáveis pela operação impediram a presença de estranhos próximos aos corpos.
Após o confronto, os acessos ao Largo da Batalha foram interditados pelos policiais por mais de duas horas. Pelo menos 100 crianças, com idades variando entre cinco e dez anos, foram obrigadas a permanecer no interior de uma escola particular a localizada na Rua Santa Margarida, devido aos corpos e ao sangue nas via. Nervosos, pais tiveram que esperar a liberação da área para pegar os filhos, que foram retirados da escola com os rostos cobertos para não ver a cena de batalha.
Morador da localidade, o frentista Jonathan Soares, de 29 anos, contou que demorou para conseguir tirar o filho de seis anos da escola.
“ Meu filho e outras crianças choravam muito. Estavam bastante assustadas com os estampidos de arma de fogo. As professoras, para acalmar as crianças, diziam que eram fogos de artifício”, desabafou.
Segundo pais, as crianças só foram liberadas por volta das 17horas, após a perícia deixar o local. Devido ao tiroteio, uma festa que estava sendo realizada na escola para celebrar o carnaval foi interrompida.
Os corpos dos mortos foram cobertos com lençóis emprestados por moradores a pedido dos pais dos alunos, que não queriam que os filhos vissem a cena de guerra.