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Bando insano mantém boicote a Lula como uns birrentos furiosos

Fecho com todos aqueles que discordam que a Venezuela de Nicolás Maduro Moro é uma democracia. Apesar da natural exaltação lulista em torno do colega sul-americano, não se trata de “narrativa antidemocrática” afirmar que, embora civil, o governo venezuelano é uma ditadura pra lá de sanguinária. Metáforas à parte, para sorte do continente, em teoria, o lado malandro de Luiz Inácio é muito mais latente do que a inteligência artificial de Maduro. Estratégico e importante parceiro regional, o país vizinho compartilha com o Brasil mais de 2 mil quilômetros de fronteira. A Venezuela também tem jazidas de petróleo e, por isso, interessa a outros tubarões, entre eles China, Rússia, Irã e Turquia.

Então, guardadas as devidas proporções, nada mais interessante do que ocupar um espaço que ainda está vazio. Do alto de sua terceira encarnação como líder máximo do país, prefiro acreditar que Luiz Inácio sabe o que está fazendo. Como imaginam orelhudos de governos anteriores, de burro Lula não tem nem o casco. A ferradura ele deixou para ser usada pelos que se diziam com Deus acima de tudo e de todos. Posso discordar – e discordo – de alguns posicionamentos do presidente da República. No entanto, admito que os tempos mudaram, que os ares ruins ficaram mais rarefeitos e que os acordos, antes sob os panos, hoje estão a céu aberto.

Em outras palavras, os sanguessugas não arredaram pé do caranguejal, também conhecido por Congresso Nacional, embora o mangue mais abastado seja denominado de Câmara dos Deputados. A fúria dos novos e velhos caranguejos obriga o mandatário a se abrigar sob o lodaçal liderado pelos guaiamuns de sempre, os de olhos abertos, bocas sedentas e corações apodrecidos. Quanto a ideologia, faz tempo que eles a mandaram para a ponte que partiu. E ela está lá, abandonada e eventualmente a serviço do grupo autointitulado patriota. Hoje, a ideologia financeira é que povoa os gabinetes da maioria dos deputados e senadores.

E não importa se o povo vai sobreviver. Se o lucro for bom e seguro, o povo que se exploda. O desprezo pelo contribuinte, pelo eleitor, pelos indígenas e pelos doentes, farinha pouca, meu pirão primeiro. Em resumo, se dependermos do atual Parlamento, estaremos fadados ao absoluto fracasso como seres humanos. Importante que tenhamos ficado decepcionados e até verdes de raiva com o empolgado discurso de Lula a Maduro. Inadmissível a fieira de elogios a um presidente que não respeita e nem valoriza seu próprio povo.

Luiz Inácio pode não ser – e não é – o melhor presidente da história deste país. Ele também deve estar bem longe do seu primeiro governo, entre 2002 e 2006, quando alcançou aprovação superior a 83%. Entretanto, a defesa inquestionável da democracia a qualquer preço já o coloca na seleta lista dos melhores que já tivemos. A gente tem o direito de não gostar, de questionar e até de criticar Lula da Silva. O que não podemos negar é que o atual presidente foi – e é – uma referência política do Brasil. Sem hipocrisia, diria que ele fez – e faz – parte da trilha sonora política de boa parte dos eleitores de minha geração. Quanto ao Parlamento, há uma clara obsessão em sabotar o governo de Luiz Inácio.

Boa parte dos parlamentares é ilusória e estupidamente bolsonarista. Portanto, por questões exclusivamente ideológicas, dormem e acordam pensando em macetar, ferrar, arruinar a administração petista. São homens e mulheres travestidos de legisladores que odeiam a sociedade brasileira. Aliados do capetão, da fome e da miséria, do meio ambiente e dos indígenas, são recalcados, pois nem lembram que o absusivamente incompetente governante que ainda defendem se fornicou sozinho. Chegou a hora da inversão política. Apeçonharam o Brasil e, agora, começam a sentir o verdadeiro significado da expressão afogar o ganso. Entubem e só depois, talvez em 2026, lutem pela cadeira de Luiz Inácio.

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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