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Teje preso

Bangu 8 abre cela a instinto primitivo de Bob Jefferson

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Autor/Imagem:
Wenceslau Araújo

Chefe da tropa de choque de Fernando Collor, ex-centurião do Luiz Inácio, ex-amigo de José Dirceu e oficial sem farda no fictício batalhão de Jair Bolsonaro, o ex-deputado federal Roberto Jefferson é o mais cristalino exemplo da máxima de que agressores nunca lembram de suas agressões. A prova da existência da lei de causa e efeito é que, nas mesma proporção, os agredidos jamais esquecem seus ofensores. É o mesmo peso para idêntica medida. Nem mais nem menos. O Supremo Tribunal Federal, mais especificamente o ministro Alexandre de Moraes, podem ser acusados de tudo, menos de injustos com o governista a qualquer preço e vitalício presidente nacional do PTB, cargo que, somado à aposentadoria de parlamentar alijado do Congresso, lhe garante quase R$ 50 mil mensais.

Nesses últimos dias, as acusações mais simpáticas dirigidas aos membros do STF são de arroubo autoritário, afronta pessoal a Bolsonaro, abuso de autoridade e censura prévia. De forma simplória, Roberto Jefferson é considerado como o pivô da nova crise entre Judiciário e Executivo. Bolsonaristas do Legislativo, das ruas ou das sombras das redes sociais preferem vê-lo como vítima de uma implacável perseguição do algoz Alexandre de Moraes. Ora, pobre coitados são aqueles que, como eu, são taxados de comunistas apenas porque não conseguem rezar na mesma cartilha do presidente da República. E a alcunha é disseminada covardemente por Roberto Jefferson, um dos remanescentes do velho e apodrecido Centrão e por anos frequentador da cozinha e da mesa do PT de Lula e de Dilma Rousseff.

Lembrar essa oportuna amizade me faz duvidar da premissa da extrema direita sobre a inclusão do Partido dos Trabalhadores na linha de frente da extrema esquerda. Se assim fosse, como explicar o passado e o presente do agora inquilino de uma singela cela do presídio de Bangu 8. Como seres humanos normais, obviamente os ministros do Supremo cometem excessos. E muitos. Entretanto, não é o caso da prisão do presidente do PTB, novo queridinho dos queridões do Palácio do Planalto e que tenta circular pelo país como figura de proa da seriedade, baluarte competência e ícone da honestidade. Na prática, porém, o ex-deputado desperta em mim, na oposição nacional, em boa parte dos cidadãos brasileiros e, sobretudo, nos chineses os instintos mais primitivos.

Só para ilustrar, ele é o mesmo político que, em junho de 2005, durante a CPI dos Correios, negou-se a contar com usou os supostos R$ 4 milhões que recebeu dos companheiros do PT para distribuição entre correligionários do PTB. “Isso morre comigo. Não conto nem amarrado na árvore levando facão. Assumo toda responsabilidade civil e criminal”, disse à época. Longe dos holofotes, mas bem próximo das sombras dos bolsominions, Jefferson normalmente aparece incitando a violência, razão pela qual é visto como integrante da ala mais extremista do bolsonarismo. Repetidamente acusado de ataques públicos a minorias e a grupos étnicos, de estimular ou participar de atos antidemocráticos e de liderar milícias digitais, é um dos alvos do inquérito que apura fake news e ataques contra o STF, no qual Jair Bolsonaro também foi incluído por conta das frequentes acusações sem provas de fraudes no sistema eletrônico de votação.

É pouco para se requerer a prisão de um cidadão que usa a internet para atentar contra a democracia e investir no golpismo? Se alguém acha que defender um golpe militar é coisa de criança, faça uma visita ao site da Polícia Federal e vai descobrir no que Moraes se baseou para atender à PF e pedir a prisão de Roberto Jefferson. Está lá no relatório policial os sete crimes capitais do ex-deputado: calúnia, difamação, injúria, incitação ao crime, apologia ao crime ou criminoso, associação criminosa e denunciação caluniosa. Também constam do documento acusações de organização criminosa, racismo e homofobia. Ou seja, integridade, probidade, respeito ao próximo e apreço à liberdade não fazem parte do cardápio de vida do político. Não confundir crimes com liberdade de expressão.

Se a análise fosse espiritual, talvez concluísse que o problema do ex-deputado é cármico, consequentemente de resgate de dívidas de vidas passadas. Afinal, física ou espiritualmente, desde Collor de Mello, ele não abriu mão da presença em nenhum governo, inclusive nos “comunistas” do PT. Como criador, cria e criatura do Centrão, Roberto Jefferson sempre se colocou em defesa dos fortes, cômodos e desoprimidos. Custa-me crer que ele esteja emprestando gratuitamente seus aconselhamentos ao capitão Bolsonaro, líder de um governo que, aparentemente, não pode lhe oferecer qualquer lucro. Esperemos por Lula ou qualquer outro presidente para saber de que lado da cadeira presidencial ele vai se enfileirar. Não será no centro do assento, pois esse ele já tem. Talvez vire o melhor amigo de Alexandre de Moraes e colega de infância de Luís Roberto Barroso. Faz parte do seu DNA esses radicalismos de personalidade.

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