Minha sazonal companheira
Barba, dia sim, outro também, está sempre lá, até que é raspada (mas volta)
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emComeça um dia próximo ao início do verão e deixei-a ir mais uma vez. Por algum tempo, estarei sem ela. Embora esteja sempre ao dispor, esperando silenciosamente, pronta para voltar. É assim há muito tempo.
Desde garoto eu sonhava com ela, pensava em como a trataria, como aprofundaria nossa relação. Ela demorou a chegar, mas veio e se estabeleceu por longos períodos em minha vida.
Nossa relação começou timidamente, quase imperceptível. Ao longo dos anos, foi se consolidando, transformando-se em uma presença constante. Ela não me faz melhor, nem pior. Mas, sem dúvida, com ela eu me sinto mais introspectivo, mais conectado comigo mesmo. Às vezes, até mais seguro.
Ela me permite explorar meus pensamentos mais profundos, meus medos e meus sonhos. Acho até que minha poesia fica mais aflorada, sei lá…
Fico agora pensando em quantas horas decisivas ela esteve próxima de mim, ali, em silêncio, como que me dando apoio. É uma conexão que transcende palavras. Sei que é apenas uma impressão, um aspecto psicológico, mas isso reflete o quanto ela é importante para mim.
Por vezes, no entanto, sinto necessidade desse afastamento. É como se precisasse respirar, reavaliar prioridades. Até mesmo canalizar tempo e energia em outras questões. E isso, ironicamente, chega até a melhorar nossa relação de idas e vindas. O vínculo torna-se mais forte, mais autêntico.
Desta vez, eu dei novamente a ela um até-logo. Brevemente, ou não, quando eu quiser, sei que ela voltará e ficará pelo tempo que eu permitir. Sei que em alguns dias baterá uma saudade, é normal. Mas para tais momentos, consola-me a memória. Temos também nossas fotos juntos.
Até qualquer dia, barba.
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Daniel Marchi é autor de A Verdade nos Seres, livro de poemas que pode ser adquirido diretamente através do e-mail danielmarchiadv@gmail.com