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Bartô ‘caga e anda’ e pode fazer suas aquarelas de Sol quadrado

Quando era gestor do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, Bartolomeu Rodrigues, do alto de toda a sua empáfia, ficou numa saia justa ao dizer que cabe ao repórter transmitir a notícia, e não vender imagem de terceiros como assessor de imprensa. Findo o mandato, deixou a sucursal do Estadão e… passou a prestar serviços de assessoria a diferentes autoridades. Transformou, em troca de uma conta bancária gorda, caras feias em bonitas, tão delicadas como os traços do seu lápis que transporta para o papel cenários bucólicos.

Bartô fez, assim, carreira numa área que então condenava. Foi para a OAB Federal e virou unha e carne do conselheiro Ibaneis Rocha. Essa união, como um casamento bem sucedido, rendeu bons frutos. Tanto, que o jornalista ocupa hoje a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal. Mas, como nem tudo são flores, os espinhos enfim apareceram. E começam a sangrar aquele repórter que pregava a notícia, e não o simples bajular de chefes.

Um roseiral de flores murchas, envoltas em espinhos mais sangrentos do que aqueles colocados na coroa de Jesus Cristo,  foi disparado em direção a Bartô pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal. Os conselheiros exigem do secretario explicações por descumprir determinação para a reabertura do Teatro Nacional Cláudio Santoro. Projetado para ser o principal centro cultural da Capital, o espaço permanece fechado há quase uma década.

Já no ano passado, quando Ibaneis Rocha (MDB) e todo o seu secretariado gritavam ‘É 22. Bolsonaro de novo. Lula-ladrão’, a Corte de Contas analisou a ausência de efetiva conservação e manutenção do Teatro. Os indícios de abandono também indicavam justificadas preocupações pela possibilidade de prejuízo ao patrimônio público, com a inadequada utilização do erário disponível.   Ou seja, o cofre esvaziava, mas não apareciam os benefícios.

Cansado de desenhos ilusórios, o Tribunal determinou que a Secretaria de Cultura se manifestasse sobre providências necessárias para o funcionamento total do empreendimento. Bartolomeu Rodrigues, mesmo sendo oficialmente notificado, não prestou os esclarecimentos ao órgão fiscalizador. Como se diz lá em Pirenópolis, ele foi atrás de uma moita, onde cagou e andou para os conselheiros. Como secretário de Estado, Bartô tem alguns privilégios no campo jurídico. Mas tudo tem um limite.

Desconsiderar uma ordem do Tribunal de Contas, como quem amassa uma pintura mal feita e joga na cesta do lixo, está custando caro a Bartô. Ele, reitere-se, fez a opção de ‘cagar e andar’ para a notificação do TCDF. Como consequência, se vê às voltas com uma séria advertência (e não apenas um alerta) para explicar tim-tim por tim-tim o que foi feito com o dinheiro destinado à reforma do Teatro Nacional.

Esse quadro ganha notoriedade porque a Secretaria de Cultura, sob o comando de Bartolomeu Rodrigues, não foi alvo de nenhuma batida policial, coisa comum em outros governos. Mas agora o balde pode entornar. Não é apenas o pleno do Tribunal que cobra explicações. O Ministério Público de Contas está pronto para entrar em ação. Tudo vai depender da postura do secretário.

Bartô, sob o risco de uma multa sem precedentes por não atender ordens, e por ser reincidente ao se comparar ao dono da verdade, atravessou o carro na frente dos bois. E o Tribunal decidiu pagar para ver. O secretário tem 30 dias para prestar esclarecimentos no Processo nº 00600-00013602/2021-91-e. Apesar de toda a precariedade do teatro, e o dinheiro gasto na reforma saindo como água pelo ladrão, Bartolomeu Rodrigues mantém um silêncio sepulcral. Por enquanto não é caso de polícia. Mas se (sublinhe-se SE) o Gaeco for acionado, Bartô corre o risco de desenhar suas aquarelas mostrando aves voando por trás de um sol quadrado.

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