Não se trata de guerra (muito menos em família), porque a história ensina que não se perde tempo com adversário fraco. O que existe é pulso firme de Giuliano Manfredini, filho e herdeiro de Renato Russo, em torno da mais nova polêmica criada por Cármen Manfredini, irmã do astro do rock, que está tentando vender a ideia, sem sucesso, de que os bens do artista serão leiloados por iniciativa do filho. É tudo intriga da ‘tia’, que tenta aparecer justamente às vésperas do aniversário de 58 anos do cantor, morto em 11 de outubro de 1996.
A verdade é uma só: Giuliano Manfredini doou itens pessoais do cantor ao Retiro dos Artistas, que sem consultar o doador, decidiu promover um bazar no sábado, 7 de abril. São roupas, móveis, livros, discos…
Procurado por Notibras, o Retiro dos Artistas confirmou o bazar no próximo dia 7, entre 12h e 21 horas. Entre os itens à venda, e com preço a definir, estão roupas, móveis, LPs e livros, tudo doado por Giuliano.
Precipitada, sem conhecer os fatos, Cármen divulgou carta aberta intitulada ‘Desalento’, onde ataca o sobrinho. Segundo ela, o ‘leilão’ inviabilizaria a realização de exposições com itens do criador da Legião Urbana.
Para passar ‘tudo a limpo’, Giuliano apresentou a versão verdadeira dos fatos. O acervo de Renato Russo não foi doado, garante o filho do artista. E enfatiza: “O que foi cedido para o Retiro dos Artistas (e não foi com o objetivo de se tornar um leilão, eu não estou leiloando nada), são artigos pessoais do dia a dia do Renato, como roupas, pijamas, mobília”.
– Essas coisas que não pertencem ao patrimônio artístico e cultural dele. Para a causa do Retiro do Artistas tem um valor muito grande, para que eles possam cuidar dos artistas velhinhos. É uma causa muito nobre, sublinhou.
Giuliano lembrou ter disponibilizado para o Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, o acervo original, o que interessa ao fã.
– Coube ao MIS fazer a recuperação, catalogação e digitalização desse acervo. Tudo com o maior cuidado e carinho, e isso se tornou uma exposição, uma megaexposição que foi premiada como a melhor dos últimos tempos eleita pelo o público. É um acervo que continua lá. Inclusive vai virar uma exposição itinerante. Esse acervo não foi doado. Antes de eu assumir esse legado, a administração da tutela que tomava conta antes de mim nunca tinha investido em nenhum tipo de profissional, de um museólogo, para poder preservar esses materiais, disse, em tom de desabafo
Giuliano disse ainda que coube a ele salvar todo o acervo. “Quando eu cheguei na Legião Urbana Produções, encontrei uma empresa depauperada. Tinha o avô, avó, primos vivendo às custas dessa herança que era minha, que meu pai deixou por escolha. Ele poderia ter escolhido deixar para quem quer se fosse, mas deixou para mim, e eu simplesmente acabei com essa ‘mamata’, porque eu acho que o Renato merece um tratamento sério. A empresa estava com dívidas, enfraquecida e as pessoas não sabem disso”, contou.
Sobre o leilão, Giuliano afirmou que ao doar, não sabia que os itens seriam para esse fim, e que partiu do próprio Retiro a decisão de realizar um bazar para arrecadar fundos.
“Quando eu doei para o Retiro dos Artistas eu não doei com o objetivo de fazer um leilão, e não será feito um leilão. Eles decidiram depois de eu ter feito a doação de fazer um bazar. Doação é doação, eu fiz de forma incondicional, de todo o coração, como o meu pai faria. Meu pai era desapegado e me passou isso”, sublinhou o filho de Renato Russo.
– O que me deixa chateado é que essas pessoas que se acercaram do meu pai visam o bem próprio, e não o bem da obra. Desses cinco anos que eu assumi, a gente trabalha dia e noite para que a obra seja tratada da forma como ela deve e merece, e continue chegando aos milhares de admiradores do Renato. É um trabalho incansável”, sustentou Giuliano.
Ainda segundo Giuliano, querem auferir vantagens em cima do artista. “Essa busca pelo lado material não vem do Renato. Isso não é digno dele. Ele vivia num apartamento de dois quartos, e foi um dos maiores astros da música brasileira. Ver tudo isso e ler uma carta dessa (a de Cármen Manfredini), com tanta mentira, é lamentável. Essa pessoa pode estar falando isso, pois o trabalho que devia ter sido feito de preservação deste acervo não foi feito, não foi investido nada, fui eu que investi. E eu não posso ficar calado ao ver isso”, finalizou o filho de Renato.