José Seabra
Um esquema com fio invisível, mas forte como uma teia de aranha, que liga um dos ministérios próximos ao Congresso Nacional, está sendo investigado pela Força Tarefa da Operação Lava Jato. Suspeita-se do desenho de um golpe que renderia 40 milhões de comissão.
Parte desse dinheiro iria alimentar velhos projetos do ex-ministro José Dirceu, preso em Curitiba. O PP, velho liado do PT, estaria envolvido. Seu presidente Ciro Nogueira, para afastar qualquer suspeita, estará de viagem aos Estados Unidos quando o acordo for firmado.
As investigações são de uma fonte instalada em posição de defesa do dinheiro público. O operador do esquema voltou a Brasília pelas mãos do vice em exercício Francisco Dornelles. Dorneles é tio de Aécio Neves, o presidente tucano que começa a entrar na mira de Sérgio Moro. Já o emissário carioca que se instalou em um gabinete da Esplanada é ex-assessor de Palocci.
Esse novo modelo de corrupção sugere um estilo de cirurgia plástica com as luvas que não deixam digitais, mas sujam a imagem da equipe e do centro cirúrgico, que deveria cuidar bem da saúde de todos os brasileiros e não apenas de uns poucos privilegiados.
Se tudo der certo, bisturis de ouro substituirão o fim do dinheiro privado nas campanhas publicitárias dos políticos. Quem está na defesa partiu para o ataque. E quem até esta segunda, 24, atacava ao seu bel prazer para receber uma conta de 200 milhões, começa a temer pela queda da florida cordilheira búlgara.