Se Jair Bolsonaro deu uma demonstração de força, incentivando milhares de seus seguidores a ocuparem as ruas nas principais cidades do país, dando a ele ‘carta branca’ para fazer o que desejar (no caso, confrontar Supremo e Congresso e promover um autogolpe), ao mesmo tempo chegou um recado ao Palácio do Planalto. Que o presidente não risque o pavio, porque a pólvora está com a oposição.
Isso ficou claro na live promovida pelas principais lideranças políticas brasileiras, Sem aglomerações, como manda o bom senso em plena pandemia, Bolsonaro virou alvo de críticas dos ex-presidentes Lula, Dilma e FHC, de Ciro Gomes e de outros próceres de oposição que dividiram 60% do Brasil neste sábado, 1º de Maio. Diz-se 60% (30% bolsonaristas e outros 30% contra o governo) porque há um contingente de 40%, ou seja, a maioria independente que não quer ver nenhuma das partes no poder.
Mas o recado foi firme. O palco virtual unificado das centrais sindicais colocou lado a lado após muitos anos a nata da oposição. “O Brasil está sendo devastado pelo governo do ódio e da incompetência”, criticou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após citar dados de desemprego no país.
“É o 1º de Maio do maior número de mortes de brasileiros indefesos vitimas da parceria trágica de um vírus mortal e um governo criminoso”, afirmou Lula, lembrando a marca de 400 mil vítimas da covid-19, que foi batida essa semana no Brasil. “É um dia de luto pelas 400 mil vidas perdidas por conta do covid-19, muitas delas porque o governo Bolsonaro se recusou a comprar vacinas que lhe foram oferecidas”, disse o petista. O ex-presidente disse ainda que Bolsonaro negou pagar os R$ 600 de auxílio emergencial durante a pandemia e que o país tem “19 milhões de brasileiros, que estão hoje passando fome, abandonados a própria sorte pelo desgoverno”.
Já Dilma Rousseff seguiu na mesma linha e também criticou a forma que Bolsonaro tem conduzido a pandemia. “Vivemos uma catástrofe sanitária e social. O Brasil está submetido ao comportamento genocida de um governo que despreza a vida e despreza os mortos. O governo neoliberal e neofascista jogou o Brasil no abismo. Fábricas estão fechando e deixando milhares de operários desamparados. Pequenos negócios entraram em falência sem nenhum apoio”, acusou. A petista, no entanto, disse que antes da pandemia o governo não havia prestado qualquer ajuda às famílias mais necessitadas.
Por sua vez, Ciro Gomes, ex-governador do Ceará e uma das principais figuras do PDT, disse que este é o “pior 1º de Maio” da história por causa da pandemia do coronavírus e da irresponsabilidade do governo federal, cuja condução do enfrentamento da crise sanitária é alvo de uma CPI aberta no Senado.
Por fim, sem críticas diretas críticas diretas ao governo federal, o tucano FHC disse que, durante toda a sua trajetória política, procurou prestigiar aqueles que lideram os trabalhadores brasileiros. O tucano disse ser necessário reabrir a economia brasileira com segurança, para gerar trabalho e renda para os brasileiros. “É fundamental hoje nós pensarmos nos trabalhadores porque há muito desemprego no Brasil. Eu diria que a questão fundamental no Brasil hoje é reabrir a economia de modo tal que ela possa permitir que tenhamos trabalho, renda, para as nossas famílias”, declarou.