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Coelho fora de época

Bê e Miguel desvendam mistério do pula-pula vazio

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Autor/Imagem:
José Seabra - Foto Lyssa Seabra De Santi

– A questão é elementar, meu caro Watson!

– Respeito e concordo com sua conclusão, Holmes!

Esse diálogo, que poderia ter sido extraído de uma das obras de Árthur Conan Doyle, foi registrado por olhares e ouvidos surpresos de pais, tios, primos, amigos e avós de Bernardo e Miguel. O fato aconteceu no aniversário de Bê, no fim de semana, em Águas Claras. Nada de risos, para não constranger as crianças. Mas exaltação plena. Afinal, somada, a idade dos dois passa um pouco dos seis anos. E eles acabavam de decifrar o enigma do pula-pula que esvaziou em pleno salão de festas.

Os pequenos Bê e Miguel estudam na mesma creche. Compartilham os mesmos brinquedos, os mesmos livros, as mesmas histórias, os mesmos sonhos, a mesma sala de aula e até a merenda. Crianças notáveis, compõem seu próprio fã clube dos velhos dinossauros, de pequenos carros de corrida e de programas televisivos, como a Patrulha Canina. E assim como Sherlock Holmes e Doutor Watson, desvendam mistérios intrigantes. O último deles, como acabamos de ver, foi o do pula-pula vazio.

O fim de tarde, embora ensolarado, prenunciava mais uma noite do frio que se estende do início de junho até meados de setembro em Brasília. Crianças dos oito aos oitenta, exceções para Bê, Miguel e outros pequerruchos na faixa dos três aos sete aos de idade. A ordem, expressa no convite para marcar o aniversário de Bernardo, era brincar no amplo salão de festas. Destacando-se no ambiente, um imenso pula-pula colorido, de onde eram ouvidos risadas e gritos de alegria. Mas, lá pelas tantas, quando a criançada dos oitenta começava a bocejar, algo estranho aconteceu: o pula-pula ficou repentinamente vazio.

Bê, um menino esperto e curioso, e seu melhor amigo Miguel, um garoto observador e meticuloso, notaram a anomalia imediatamente.

“Isso é muito estranho, Miguel,” disse Bê, franzindo a testa. “Por que o pula-pula está vazio? Era para estar cheio a essa hora, para brincarmos um pouco mais enquanto nossos avós cochilam nas cadeiras, nas poltronas, nos sofás…”

Miguel fixou os olhos, refletindo a luz colorida do ambiente, e concordou.

– Precisamos investigar, Bernardo. Algo não está certo, disse ao ouvido do amiguinho.

Eles se aproximaram do pula-pula e começaram a examinar a área. Bê, como sempre, tinha uma lupa em seu bolso e a usava para inspecionar o chão ao redor. Miguel, por sua vez, tinha um caderninho onde anotava todas as pistas que encontravam.

“Olha, Bê,” Miguel chamou a atenção para algumas pegadas pequenas e confusas no chão. “Essas pegadas são recentes. E parecem… diferentes.”

Bernardo observou atentamente. “Sim, são pegadas de um coelho. Mas por que um coelho estaria perto do pula-pula, se a Páscoa já passou faz tempo?”

De repente, eles ouviram um barulho vindo das plantas na ampla varanda. Aproximaram-se cautelosamente e, ao afastarem as folhas, encontraram um coelho branco com uma fita vermelha no pescoço.

“Ei, coelhinho, você sabe algo sobre o pula-pula vazio?” Bê perguntou gentilmente.

Para a surpresa deles, o coelho pareceu entender e começou a saltar entre as plantas. Bê e Miguel seguiram-no, intrigados. Após alguns minutos seguindo o rumo do coelhinho, chegaram a uma pequena clareira do jardim suspenso com as mais diversificadas e perfumadas flores, onde encontraram uma caixa de brinquedos aberta. De pronto, o local foi tomado por muitas das crianças que estavam na festa.

“Ah, então é isso,” Miguel concluiu. “O coelho nos trouxe até aqui para mostrar os novos brinquedos!”

Uma das crianças, a jovem Lyssa, prima de Bernardo, explicou: “O coelho apareceu e começou a puxar nossas roupas, como se quisesse nos mostrar algo. Então, o seguimos até aqui e encontramos essa caixa cheia de brinquedos novos!”

Malu, outra prima do aniversariante, com um sorriso contagiante, deu o veredito dela: “Parece que o mistério está resolvido, Bê e Miguel. O coelho só queria que nós encontrássemos mais brinquedos”.

Miguel assentiu. “E é por isso que o pula-pula ficou vazio. Trabalho de alguma fada, disse Lyssa, intrigada, sob o olhar de aprovação de Malu.

O coelho olhou para Bê e Miguel, como se agradecesse pela ajuda. Eles acariciaram o bichinho antes de voltarem para o pula-pula que, como num passe de mágica, tornava a ostentar toda a sua grandeza, enchido que foi pelo avô Betinho. E as crianças, mais felizes do que nunca, retomaram suas brincadeiras.

“Mais um mistério resolvido pela dupla Sherlock Holmes e Doutor Watson”, disseram Bê e Miguel. Depois, para reporem os neurônios gastos durante as investigações, sentaram-se a uma mesa e encheram o organismo com calorias de batatas, brigadeiros, bolos, refrigerantes e afagos dos convidados.

Quanto ao coelhinho, nunca mais foi visto. Há quem diga que tudo não passou de fruto da imaginação das crianças. Nem por isso Bê e Miguel deixaram suas aventuras de lado, sempre prontos para desvendar qualquer mistério que apareça em seus caminhos, mostrando que a amizade e a curiosidade são as chaves para qualquer enigma.

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