José Escarlate
O Kenji, o japonês do Siqueira, era o cicerone, abrindo portas para todos. Primeiro a Sala VIP, com direito a drinques e salgadinhos. E o tal deputado enchendo a moringa.
Onze da noite, embarcamos na primeira classe de um Jumbo da Japan Airlines, no segundo andar do avião. As poltronas viravam camas para enfrentarmos as 32 horas de voo, com escalas em Lima e Los Angeles.
Antes de o avião decolar, o deputado bêbado deu vexame, já à bordo da primeira classe. Cismou que iria fumar no avião. Repreendido pelos comissários de bordo, engrossou. Passou a destratar os tripulantes.
Chamado, o comandante da aeronave, um americano de dois metros de altura, observou o parlamentar, quando teve início o bate boca. O comandante, então, calmamente, colocou um ponto final nos debates. Mandou o deputado sair. E foi firme, dizendo em inglês: “No meu avião ele não viaja”.
Os companheiros do deputado tentaram dobrar o comandante, que se manteve inflexivel: “No meu avião ele não vai viajar”. E fim de papo.
O cara deixou o avião, sua bagagem foi retirada rapidamente e, enfim, a aeronave decolou. Como dizia o Ibrahim Sued, “ademã que eu vou em frente, Tóquio”. Naquele momento eu iniciava minha terceira viagem ao Japão.