Notibras

Beijo de Judas de 1,5 milhão tira Bartô e coloca Jesus na Cultura

Vamos começar a repor verdades e revelar, até por dever de justiça, os reais motivos que levaram à demissão, no início da semana, do jornalista Bartolomeu Rodrigues da Secretaria de Cultura. Tudo transporta a relatos bíblicos. Seu substituto, o ex-deputado Cláudio Abrantes, velho Cristo da Via Sacra de Planaltina, será obrigado, respeitada a ética que dele se espera, a abrir uma coroa de espinhos para não acabar em uma forca.

Notibras apurou ao longo de dois dias de investigações, que as mãos que empurraram o escovão para afastar Bartô da cadeira, são poderosas. O secretário não se vendeu por 1 milhão 500 mil moedas de reais. Mesmo assim foi beijado pelo Judas do Buriti antes de ser crucificado no cargo.

As moedas viriam em forma de emendas parlamentares para patrocinar o show da Banda Kiss no Estádio Nacional Mané Garrincha, em abril último. Foram assinadas pelos deputados distritais Eduardo Pedrosa (União Brasil), Robério Negreiros (PSD) e João Hermeto (MDB). Cada uma no valor de 500 mil reais. O problema é que o show cobrava ingressos vultosos. E isso contraria a lei. Bartolomeu vetou. E caiu.

O espetáculo foi promovido pelo Metrópoles, site de notícias supostamente de propriedade de Luiz Estevão, senador cassado, condenado e preso por corrupção sob a acusação de formação de quadrilha com o falecido Juiz Lalau. A parceria dos dois provocou um rombo estimado em 1 bilhão de reais, desviados no período de construção do fórum trabalhista de São Paulo.

Mais de 22 mil fãs do Kiss foram ao show no Mané Garrincha, deixando nas bilheterias cerca de 4 milhões 700 mil reais. Os preços dos ingressos obedeceram a seguinte tabela: PISTA VIP R$ 958,00 e R$ 479 (meia); PISTA R$ 578 e R$ 289 (meia); CADEIRA INFERIOR R$ 638 e R$ 319 (meia); CAMAROTE R$ 1.798 e R$ 899 (meia); CADEIRA INFERIOR LATERAL R$ 298 e R$ 149 (meia); CADEIRA VIP R$ 398 e R$ 199 (meia); CADEIRA SUPERIOR R$ 178 e R$ 89 (meia).

Foi aí que o bicho pegou, porque a legislação não permite injetar dinheiro público em festas com ingressos cujos valores não sejam populares. Bartolomeu Rodrigues, por agir dentro da lei ao vetar a liberação das emendas parlamentares, dançou sem sequer ter ido assistir ao Kiss. Não sabia, porém, que o beijo da traição estava indo em sua direção a passos largos.

Os tentáculos do escovão se espalham por todas as esferas do poder brasiliense. No âmbito da Câmara Legislativa, por exemplo, além dos três deputados autores das emendas que totalizaram 1,5 milhão, a senhora Gabrielle Cristine Rocha Barreto, tem as costas aquecidas pelo presidente da Casa, Wellington Luiz (MDB). Coincidência ou não, ela é a tesoureira do Instituto Ibeti, ONG co-responsável pela realização do evento no Mané Garrincha.

Na sexta, 7, parte 2: Via Crucis e Coroa de Espinhos

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