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Beltrame libera gorros para encobrir rostos em operações especiais da Polícia Militar

As tropas especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro receberam autorização do secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, para utilizar a balaclava, um gorro especial parecido com a touca ninja, em operações específicas como resgate de reféns e em eventos como manifestações populares.

Segundo o secretário, a resolução assinada por ele, publicada no Diário Oficial do Estado nesta sexta-feira (28), é uma limitação ao uso da balaclava como equipamento de proteção individual. A balaclava não pode ser usada de qualquer forma, disse ele. “Trata-se de um equipamento necessário a determinadas atividades policiais e sua utilização deverá ser justificada pelo comandante da unidade. Não poderá ser um equipamento que simplesmente encubra o rosto de alguém.”

A Polícia Militar informou, em nota, que o uso do equipamento será permitido para proteção individual do policial contra “objetos cortantes, fragmentos de rojões, resíduos de gás e até fogo”.

A resolução autoriza o uso da balaclava como equipamento de proteção individual aos batalhões de Operações Policiais Especiais (Bope), de Polícia de Choque e de Ações com Cães e ao Grupamento Aeromóvel.

O Bope poderá usar a balaclava em alternativas táticas que envolvam resgate de reféns ou em ocorrências de interesse similar. Para a tropa de choque, o equipamento será permitido em ações de “controle de distúrbios civis”, como atos, protestos ou grandes eventos. Quando o Batalhão de Polícia de Choque e de Ações com Cães operar em apoio ao Bope, o uso do gorro será permitido. Além disso, os tripulantes e pilotos do Grupamento Aeromóvel poderão usar o gorro em todas as operações aéreas e de apoio.

De acordo com o especialista em segurança pública e ex-capitão do Bope Paulo Storani, a balaclava tem a função de proteger a identidade do policial militar e também de diminuir a exposição do rosto e do pescoço. “Muitas vezes, fragmentos de um disparo podem, em razão da proximidade dos policiais ou dos integrantes de uma tropa de intervenção tática, atingir ou entrar na roupa do policial. Então, a balaclava tem uma função protetora.”

Além disso, em situações de frio intenso, a balaclava é uma necessidade. “Em meados dos anos [19]90, nas buscas pelos irmãos necrófilos em uma área rural Nova Friburgo [região serrana do Rio], durante o inverno, havia patrulhas noturnas e durante a madrugada. Então, era um frio intenso e era necessário o uso do equipamento.”

Para Storani, o que motivou a resolução da medida assinada pelo secretário de Segurança foram as peculiaridades dos confrontos no Rio de Janeiro: às vezes, o policial mora no bairro onde a operação está ocorrendo. “Nesses casos, é necessário o uso da balaclava para proteger a identidade desse policial que mora no bairro, até porque, muitas vezes, o policial conhece a área em que está atuando. Então, você precisa do conhecimento desse policial.”

Storani alertou para a necessidade de fiscalização do uso da balaclava porque pode haver desvio da finalidade do equipamento. “Já houve uso que extrapolou a sua finalidade simplesmente para não permitir a identificação do policial. Houve usos inadequados, divergentes das próprias normas. Existe o momento certo de ser usado [o equipamento], na forma devida e dentro de condições que justifiquem seu uso.”

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